Trump garante transição pacífica para Biden e critica violência

por RTP
Trump reconheceu derrota e condenou violência no exterior do Capitólio Reuters

O Presidente cessante dos Estados Unidos da América, Donald Trump, reconheceu a derrota nas eleições de novembro, apontando que "a nova administração tomará posse" no dia 20, tendo criticado os manifestantes que invadiram o Capitólio na quarta-feira.

Num vídeo divulgado pela sua conta pessoal na plataforma Twitter, Trump afirmou que após a certificação dos resultados pelo Congresso, que confirmaram a vitória do candidato democrata, Joe Biden, "a nova administração tomará posse em 20 de janeiro" e que o seu foco é agora "assegurar uma transição sem problemas".

Trump pronunciou-se sobre o violento protesto no Capitólio, considerando que se tratou de um "ataque hediondo" e que o deixou "enfurecido com a violência, a desordem e o caos".

"A América foi e sempre será uma nação de lei e ordem. Os manifestantes que se infiltraram no Capitólio desonraram o lugar da democracia americana. Àqueles que participaram nos atos de violência e corrupção: vocês não representam o nosso país. E àqueles que quebraram a lei: vocês vão pagar", referiu na mensagem o Presidente cessante.

Donald Trump fala agora em “cura e reconciliação”, um discurso muito diferente daquele que proferiu momentos antes de os seus apoiantes terem invadido o Capitólio. Na quarta-feira, quando o Congresso estava reunido para ratificar a vitória de Joe Biden, o ainda Presidente dos EUA falou aos seus apoiantes num jardim próximo da Casa Branca e voltou a insistir na tese de fraude eleitoral, um discurso que é apontado por especialistas como o rastilho para a invasão ao Capitólio.

“Todos nós, os que estamos aqui hoje, não queremos ver a nossa vitória roubada nestas eleições pelos democratas da esquerda radical, e é isso mesmo que estão a fazer”,
disse Trump. “Nunca vamos desistir, nunca vamos conceder”, insistiu.

Depois deste comício, os milhares de apoiantes de Trump começaram a fazer estragos pela cidade enquanto se dirigiam ao Capitólio, onde conseguiram passar pelas forças de segurança e invadir o edifício. A Polícia do Capitólio não foi capaz de impedir, sozinha, o caos que se instalou.

Como consequência deste assalto, há a registar cinco mortos, incluindo um polícia do Capitólio que tinha ficado gravemente ferido durante o ataque ao Congresso e morreu na quinta-feira.
Democratas admitem avançar para impeachment
Os democratas, incluindo a presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi e o líder democrata do Senado Chuck Schumer, têm apelado ao vice-presidente Mike Pence para que invoque a 25ª emenda da Constituição norte-americana.

Caso Pence recuse, Pelosi e o partido Democrata admitem convocar a Câmara dos Representantes para iniciar o segundo processo de impeachment contra Donald Trump.

“Junto-me ao líder Democrata no Senado para pedir ao vice-presidente que remova o Presidente imediatamente invocando a 25ª Emenda. E se o vice-presidente e o seu gabinete não agirem, o Congresso pode estar preparado para arrancar com um processo de destituição”, disse Pelosi.

“Os atos perigosos e sediciosos do Presidente exigem a sua remoção imediata do cargo”,
apelaram Pelosi e Schumer num comunicado conjunto.

"O Presidente dos Estados Unidos incitou uma insurreição armada contra o país. Ainda lhe restam 13 dias, mas cada dia a mais pode-se tornar um filme de horror para os Estados Unidos", sublinhou Pelosi no Capitólio.

A 25.ª Emenda permite que o vice-presidente e a maioria da Administração declarem o Presidente inapto para o cargo, tornando-se o vice-presidente no Presidente interino. Para que seja invocada, é preciso que Pence e pelo menos oito membros do Congresso votem a favor da remoção de Trump do cargo.

O Presidente cessante terá de deixar o cargo a 20 de janeiro, quando Joe Biden tomar posse enquanto 46º Presidente dos Estados Unidos.

c/Lusa
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