Trump sobre Acordo de Paris: ficar será "maravilhoso", sair "também será bom"

por Christopher Marques - RTP
Kevin Lamarque - Reuters

Emmanuel Macron e Donald Trump encontraram-se esta quinta-feira pela quarta vez. Na capital francesa, o Presidente dos Estados Unidos apresentou o mesmo tipo de declarações com que tem presenteado o mundo nos últimos meses. Defendeu o filho, “um jovem maravilhoso”, e deixou tudo em aberto quanto à política para o clima, ao dizer que seria “maravilhoso” ficar no Acordo de Paris, mas que também seria “bom” rasgá-lo.

Há demasiado a separá-los. Emmanuel Macron afigura-se mais próximo de políticos como Barack Obama ou Justin Trudeau. Donald Trump coloca-se longe politicamente do Presidente pró-globalização e europeísta que a França escolheu em maio.

Mas há interesses comuns e a frieza do primeiro encontro desapareceu. Afinal, Donald Trump precisa de um interlocutor deste lado do Atlântico, depois dos estragos que as suas posições antieuropeias causaram em Bruxelas, Berlim e noutras capitais europeias. Já Emmanuel Macron procura trazer Paris ao primeiro nível da diplomacia internacional.

Talvez seja por isso que, apesar das diferenças, Emmanuel Macron e Donald Trump repetem os encontros. Os dois presidentes já se tinham encontrado três vezes. Esta quinta-feira, foi dia de Paris receber o líder norte-americano com pompa e circunstância.
"Um jovem maravilhoso"
O acolhimento francês até se poderia apresentar como uma oportunidade para Donald Trump esquecer por breves momentos as confusões políticas em que a sua administração está envolvida.

Afinal, a imprensa norte-americana revelou recentemente que o filho do Presidente dos Estados Unidos se encontrou com uma advogada que teria informações comprometedoras sobre Hillary Clinton.

Apesar da distância, Donald Trump foi questionado sobre o assunto e respondeu, com o tipo de discurso que lhe é característico. “Sobre o meu filho, é um jovem maravilhoso. Encontrou-se com uma advogada russa. Não uma advogada do governo, uma advogada russa. Foi um encontro breve”, justificou.

“De um ponto de vista prático, penso que a maioria das pessoas teria aceitado este encontro”, acrescentou.
"Qualquer coisa pode acontecer"
A defesa do filho não foi a única declaração simples, sem desenvolvimento, que Donald Trump levou a Paris. Sobre o acordo climático, o Presidente dos Estados Unidos falou para, simplesmente, não dizer nada.

“Qualquer coisa pode acontecer em relação ao Acordo de Paris. Vamos ver o que acontece, vamos falar sobre isso nos próximos tempos. Se acontecer será maravilhoso, se não acontecer também será bom”, afirmou aos jornalistas.

Emmanuel Macron explicou que não há qualquer mudança de posicionamento no que diz respeito ao acordo climático por parte dos dois países, mas sim “a intenção partilhada de continuar a discutir este assunto”.

O Presidente francês disse “respeitar a decisão” norte-americana de deixar de lado o acordo, sem deixar de defender o compromisso alcançado.

“Da minha parte, mantenho-me ligado ao Acordo de Paris e à vontade que é a minha de continuar no âmbito deste acordo e de poder avançar, etapa a etapa, com o que está previsto neste acordo”, afirmou o Chefe de Estado francês.
Combate ao terrorismo
Separados pelo clima, os dois líderes apresentaram-se unidos no combate ao terrorismo. Segundo Donald Trump, ambos debateram a necessidade de reforçar a cooperação na área da segurança e sublinharam a necessidade de a coligação garantir que Mossul se mantém fora do controlo dos jihadistas.

“Hoje em dia enfrentamos novas ameaças de regimes desonestos como a Coreia do Norte, o Irão, a Síria e dos governos que os financiam e apoiam. Também enfrentamos graves ameaças por parte de organizações terroristas”, recordou Donald Trump.

Os dois países comprometem-se a trabalhar juntos no que diz respeito ao conflito sírio, nomeadamente quanto ao futuro do país depois da guerra. Donald Trump anunciou ainda que os Estados Unidos estão a trabalhar para que seja negociado um cessar-fogo numa segunda região síria.
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