Tudo a postos para inauguração de novo mega-terminal do aeroporto de Madrid
A partir de domingo, o novo terminal do Aeroporto Barajas, Madrid, acolherá 60 por cento do tráfego aéreo da cidade, mais de 70 mil passageiros diariamente e dezenas de milhares de trabalhadores.
Depois de oito anos de trabalho, o envolvimento de 30 mil trabalhadores e um investimento de seis mil milhões de euros, o novo terminal será formalmente inaugurado no sábado pelo primeiro-ministro esoanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, transformando Barajas no aeroporto da Europa com maior capacidade.
O terminal é composto por dois edifícios ligados por um comboio ligeiro, sem condutor, permitindo 90 levantamentos e aterragens por hora já este ano e até um máximo de 120 movimentos por hora nos próximos dois anos.
Integram ainda o complexo milhares de lugares adicionais de estacionamento, estradas de acesso e um mega- túnel para serviços aeroportuários.
O edifício principal, com mais de 470 mil metros quadrados, tem 39 posições de contacto de aeronaves, conhecidas como "fingers", enquanto o edifício-satélite chega aos 300 mil metros quadrados e inclui 26 outras posições de contacto.
Ambos foram desenhados pelos arquitectos Richard Rogers e António Lamela, podendo acolher 35 milhões de passageiros por ano.
A unir as duas estruturas há um túnel subterrâneo de 2.874 metros, que passa sob as pistas, e onde estão os Sistemas Automatizados de Transporte de Passageiros e de Malas.
Segundo os responsáveis, o sistema permite processar mais de 16.500 malas por hora, tendo 92 quilómetros de tapetes rolantes, e mais de 13 mil passageiros por hora.
As duas novas pistas, por seu lado, têm 3.500 metros de cumprimento e "um dos mais sofisticados sistemas de segurança", estando inseridas num espaço de movimentação de aeronaves e de sistemas de apoio de mais de 257 mil metros quadrados.
O novo terminal inclui ainda uma zona comercial de mais de 24 mil metros quadrados.
Estimativas dos responsáveis sugerem que, quando estiverem os quatro terminais do aeroporto a funcionar, a estrutura poderá movimentar 70 milhões de passageiros por ano - em 2004 passaram 38,7 milhões pelos três terminais antigos.
Esse volume de passageiros é superior até mesmo ao de Heathrow (Londres), que consegue movimentar 67,3 milhões, e apenas superado pelos de Atlanta e Chicago, nos Estados Unidos, de acordo com dados do Conselho Internacional de Aeroportos (ACI, na sigla inglesa).
Javier Marín, director dos Aeroportos Espanhóis, afirmou aos jornalistas que todos os sistemas e processos foram já amplamente testados com bastante sucesso, utilizando milhares de figurantes que "ensaiaram" uma ampla gama de situações e possibilidades.
A partir das 00:00 de domingo toda a nova estrutura entra em funções, duplicando o número de pistas, de duas para quatro e aumentando significativamente a capacidade do aeroporto da capital.
Cerca de 70 por cento do equipamento e do pessoal, maioritariamente da transportadora espanhola Ibéria - que passa toda a sua estrutura para o Terminal 4 -, só deverá ser transferido na madrugada de sábado para domingo.
A Ibéria vai pagar à agência que gere os aeroportos espanhóis o montante anual de 371,5 milhões de euros pela utilização do novo terminal 4.
Apesar de os testes realizados terem posto à prova "ao máximo" as estruturas existentes, Marín pediu já alguma compreensão aos utilizadores do novo terminal, porquanto haverá necessidade de "habituação e ajustes".
Por isso, e numa ampla campanha publicitária, quer o aeroporto, quer a própria Ibéria têm vindo a distribuir dados sobre a mudança, que incluem explicações sobre acessos por estrada e sobre as ligações de comboio entre os três antigos terminais e o novo.
O terminal abre um ano e meio antes de estar concluído um projecto que ligará o espaço à rede de metropolitano existente que, até lá, continuará apenas a chegar aos terminais antigos.
Marín garante que o objectivo é converter Barajas num "hub" aeroportuário, servindo como ponto de partida para 25 por cento dos voos europeus para a América Latina.
A inauguração pode ficar marcada, porém, por uma greve anunciada pelos trabalhadores da Ibéria em protesto pelas novas medidas laborais previstas pela empresa.
A greve foi marcada para domingo, podendo, a concretizar-se, traduzir-se numa redução até 50 por cento dos serviços disponíveis, o que obrigaria ao cancelamento de voos.