Tyre Nichols. Detidos polícias envolvidos na morte de afro-americano em "operação stop"

por Inês Moreira Santos - RTP
Reuters

Segundo o chefe da polícia de Memphis, nos Estados Unidos, os cinco polícias acusados de homicídio em segundo grau pela morte de Tyre Nichols, um afro-americano que morreu três dias após uma violenta operação de trânsito, foram detidos por "violarem as regras". Espera-se que, esta sexta-feira, seja divulgado o vídeo da detenção do jovem de 29 anos, gravado com a bodycam dos polícias, e Joe Biden apelou a que os protestos contra a violência policial se mantenham pacíficos.

A morte de Tyre Nichols, no passado dia 10 de janeiro, gerou indignação e levou as autoridades a investigar o recente caso de homicídio de um afro-americano por parte de agentes da polícia.

Nichols foi mandado parar pelas autoridades numa operação de trânsito e depois espancado, no dia 7 de janeiro, acabando por morrer três dias depois. O momento ficou registado pelas camaras incorporadas no equipamento policial e as imagens serão divulgadas esta sexta-feira.

"Estou enojado com o que vi", disse à comunicação social o diretor do Tennessee Bureau of Investigation, David Rausch, na quinta-feira, depois de ver as imagens, descrevendo as ações dos agentes como "absolutamente apavorantes".

Tanto os advogados como a família do homem de 29 anos já viram o vídeo e revelam, segundo a imprensa norte-americana, que Nichols foi espancado durante três minutos.

“Era como uma ‘pinhata humana’ para aqueles polícias”, disse um dos advogados ao New York Times. “Não foi apenas violento, foi selvagem”.

“Mais uma vez, estamos a ter provas do que acontece com pessoas negras e mulatas em simples operações de trânsito. Uma pessoa não deve ser morta por causa de uma simples operação de trânsito”, disse o advogado.

Dados do gabinete do xerife local indicam que os polícias Tadarrius Bean, Demetrius Haley, Emmitt Martin III, Desmond Mills Jr. e Justin Smith, também afro-americanos, estão já sob custódia e foram todos acusados de homicídio em segundo grau, agressão agravada, sequestro agravado, má conduta oficial e opressão oficial.

Num primeiro comunicado, a polícia de Memphis disse que "ocorreu um confronto" quando os polícias se aproximaram do veículo e Nichols fugiu. A mesma fonte, indicava que tinha havido “outro confronto” quando os agentes o prenderam e que foi chamada uma ambulância quando o homem se queixou de "falta de ar".

Nichols foi para o hospital mas não resistiu aos ferimentos e acabou por morrer três dias depois deste incidente.
"Falha de humanidade"

Os cinco polícias foram considerados "diretamente responsáveis pelo abuso físico de Tyre Nichols", de 29 anos, e foram demitidos na semana passada. Contudo, o diretor da polícia de Memphis, Cerelyn Davis, indicou que outros polícias estavam também a ser investigados por violarem as normas do departamento.

À agência Associated Press, a família de Tyre Nichols afirmou ter pressionado para que os polícias envolvidos fossem acusados de homicídio em primeiro grau, mas admitem que "estão confortáveis" com as acusações interpostas.

“Existem outras acusações, então estou confortável com isso”, disse o padrasto do jovem afro-americano, mostrando satisfação com o facto de as autoridades terem agido rapidamente no caso.

O chefe da polícia de Memphis classificou as ações dos cinco polícias envolvidos na detenção violenta de Nichols de "hediondas, imprudentes e desumanas" e fez um apelo aos moradores da cidade para protestarem pacificamente quando o vídeo da detenção for divulgado ao público.

“Não se trata apenas de uma falha profissional. Esta é uma falha de humanidade básica em relação a outro indivíduo", disse o diretor da polícia em comunicado.

Numa conferência de imprensa, os advogados de dois dos ex-polícias anunciaram que pretendiam contestar as acusações.

"Ninguém naquela noite pretendia que Tyre Nichols morresse", disse um dos advogados, citado pela BBC.

O presidente dos EUA lamentou a morte de Tyre Nichols e apelou, na quinta-feira, a que os protestos continuem a ser pacíficos.

"Junto-me à família de Tyre pedindo protestos pacíficos", disse Joe Biden, em comunicado. "A indignação é compreensível, mas a violência nunca é aceitável".

Tyre Nichols tinha um filho, trabalhava na empresa de entrega de encomendas FedEx e tinha a doença de Crohn. Morreu a 10 de janeiro, depois de ter sido violentamente agredido por cinco agentes de autoridade. De acordo com a imprensa norte-americana, o vídeo do incidente será divulgado após as 18hoo desta sexta-feira.
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