Volodymyr Zelenskiy tomou posse esta segunda-feira, em Kiev, como novo Presidente da Ucrânia. O comediante substitui o anterior Chefe de Estado, Petro Poroshenko, e inaugura uma potencial nova fase na política ucraniana.
O novo Presidente ucraniano é um conhecido comediante e ator no país. Apesar da sua formação em Direito, é dono da empresa de produção Kvartal 95 e criou a série televisiva Servo do Povo – nome que mais tarde daria ao seu partido – e em que desempenha o papel de presidente da Ucrânia.Zelenskiy enfrentará vários desafios: a luta contra a corrupção; o diálogo com a Ucrânia de Leste e a Rússia; a incerteza quanto à política económica, o que pode bloquear potencias investimentos.
Não obstante o percurso profissional, Zelenskiy representa a emergência do populismo na Ucrânia e, acima de tudo, na Europa de Leste. A falta de experiência política, o estatuto como antissistema e a demarcação relativamente aos políticos convencionais contribuíram significativamente para a sua vitória.
O novo Presidente mostrou determinação em combater a corrupção política no país, após inúmeros escândalos, sobretudo nas esferas política e judicial. Em última instância, a sua esmagadora vitória representa uma Ucrânia cansada de escândalos e o desejo por figuras políticas que tenham os interesses do povo em consideração.
Por outro lado, as relações com a Rússia têm sido marcadas pela tensão, desde a anexação da Crimeia em 2014.
O anterior Presidente, Petro Poroshenko, manteve uma posição marcadamente nacionalista e anti-russa nos últimos cinco anos, pelo que a vitória de Zelenskiy pode significar uma rejeição desta via política.
A Ucrânia poderá agora ter a possibilidade de melhorar as relações com a Rússia, mas nada é certo. Zelenskiy prometeu pôr fim à guerra com as forças russas na região leste de Donbass, que já levou a 13 mil mortes, e manifestou-se favorável a uma reaproximação à pró-russa Ucrânia do Leste.
Uma vez que o Ocidente apoiava a linha anti-russa de Poroshenko, a vitória de Zelenskiy poderá ditar também uma inversão na política externa ucraniana, caso o novo Presidente opte pelo regresso à esfera de influência de Moscovo.