Ucrânia critica acordo entre empresas europeias e Gazprom para construção de gasoduto

por Lusa

O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, classificou hoje como "antiucraniano e antieuropeu" um acordo entre a Gazprom russa e várias empresas europeias para a construção de um segundo gasoduto sob o Mar Báltico.

Em junho, a Gazprom chegou a acordo com a anglo-holandesa Shell, a alemã E.ON e a austríaca OMV para a construção de um gasoduto, designado Nord Stream-2, para a Alemanha, evitando a passagem pela Ucrânia e também pela Polónia.

"Quando o primeiro Nord Stream foi construído, não trouxe à União Europeia (UE) uma acrescida independência energética", declarou Yatsenyuk, depois de manter conversações com o seu homólogo eslovaco, Robert Fico, em Bratislava.

"A construção do Nord Stream-2 vai afetar o fornecimento contínuo de gás aos países no sul da União Europeia. É uma monopolização das rotas de fornecimento de gás à UE", disse aos jornalistas, acrescentando: "Este é um projeto antiucraniano e antieuropeu".

Robert Fico afirmou que aquele acordo vai contra os interesses geopolíticos da Eslováquia e da Ucrânia e que "contrasta fortemente com as conversações políticas que se mantêm na UE".

Ainda mais crítico, Fico adiantou: "Estou convencido de que as empresas ocidentais a operar no território dos Estados membros (da UE) traíram outros membros da UE".

A rota sob o Báltico, a partir da Federação Russa, vai ter uma capacidade de transporte de 55 mil milhões de metros cúbicos por ano e vai duplicar o fluxo do existente gasoduto Nord Stream que liga os dois países.

Não foi divulgado qualquer calendário para a realização do acordo, que vai aumentar a importância da Alemanha como plataforma de distribuição do gás russo na Europa Ocidental, mas minando a relevância da Ucrânia e Polónia enquanto países de trânsito.

O Presidente polaco, Andrzej Duda, criticou o acordo no início desta semana, dizendo que ignorava os interesses polacos.

Os dirigentes de Moscovo têm procurado rotas de fornecimento de gás à Europa que evitem a Ucrânia, apesar da insistência dos europeus de que pretendem reduzir a sua dependência dos russos.

A Federação Russa e o Ocidente estão envolvidos numa disputa forte sobre o papel do Kremlin na Ucrânia e disputas entre Kiev e Moscovo em torno do gás têm ameaçado o fornecimento deste combustível à UE.

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