Mundo
Ucrânia homenageia chefes de pogroms anti-semitas
Simon Petliura, responsável nos anos 1920 pela morte de 50.000 judeus ucranianos, foi homenageado no seu país natal com um minuto de silêncio. Outros dois promotores de pogroms irão sê-lo com alterações toponímicas anunciadas para a capital, Kiev.
Segundo o diário israelita Haaretz, o Governo decretou um minuto de silêncio no dia 25 de Maio, que foi observado nos canais da televisão pública. Durante um minuto, esses canais apenas transmitiram a imagem de uma vela a arder.
Simon Petliura fora em 1918 e 1919 a figura central do Directório que governava a Ucrânia, combatendo ao mesmo tempo o Exército Branco de Denikine e o Exército Vermelho dos bolcheviques. Nesse contexto tiveram lugar os mortíferos pogroms, em que as responsabilidades de Petliura - por acção ou por omissão - se consideram geralmente estabelecidas sem margem para dúvida.
Por esse motivo, Petliura seria mais tarde, em 1926, abatido a tiro no seu exílio parisiense por um anarquista judeu franco-russo, Shlomo Schwartzbard, que tivera parte da sua família exterminada nos pogroms. O homicida foi julgado num tribunal francês, assumiu a premeditação do atentado e foi, ainda assim, absolvido.
O tribunal fundamentou a absolvição na prova que foi feita sobre a anterior acção genocida de Petliura. Schwartzbard emigrou para a Palestina, onde morreu em 1938. É hoje considerado um dos heróis nacionais israelitas, por ter abatido Petliura.
Além da homenagem a Petliura, o director do Instituto da Memória Nacional, Vladimir Vyatrovich, anunciou que outros dois responsáveis dos pogroms anti-semitas, Stepan Bandera e Roman Shukhevych, irão ter em breve ruas com os seus nomes na capital ucraniana.
Bandera e Shukhevych são posteriores a Petliura e viveram ainda a Segunda Guerra Mundial e a invasão da Ucrânia pelas tropas nazis. Foi nesse contexto que se distinguiram pela colaboração dispensada aos invasores e pelos massacres cometidos, em especial contra a população judaica da Ucrânia, sob a asa protectora do nazismo.
Em jeito de compensação, dar-se-á também o nome de Janusz Korczak a uma rua de Kiev. Korczak era o nome literário de Henryk Goldszmit, um professor judeu ucraniano assassinado em Auschwitz.
O dirigente judeu ucraniano Eduard Dolinsky protestou energicamente contra a anunciada atribuição dos nomes de Bandera e Shukhevych a ruas de Kiev. Também o director do Centro Simon Wiesenthal em Israel, Efraim Zuroff, protestou contra as homenagens a criminosos anti-semitas, que estão entretanto a tornar-se banais na Ucrânia.
Contudo, Josef Zissels, o presidente de uma outra organização judaica ucraniana, exortou os seus correligionários à conciliação, argumentando que a denúncia das figuras históricas do anti-semitismo ucraniano "conduz a recriminações desnecessárias, que só servem retrospectivamente mas não oferecem uma perspectiva para o futuro", num país em que, segundo o mesmo Zissels, os judeus são actualmente respeitados.
Zissels foi mesmo ao ponto de duvidar, num debate realizado na semana passada, "que livros judeus descrevam o que alguns judeus fizeram aos ucranianos" com o mesmo empenhamento com que descrevem as atrocidades anti-semitas.
A isto reagiu o compatriota e correligionário Dolinsky, dizendo que Zissels estabelece uma equivalência moral inaceitável entre judeus e anti-semitas.
Simon Petliura fora em 1918 e 1919 a figura central do Directório que governava a Ucrânia, combatendo ao mesmo tempo o Exército Branco de Denikine e o Exército Vermelho dos bolcheviques. Nesse contexto tiveram lugar os mortíferos pogroms, em que as responsabilidades de Petliura - por acção ou por omissão - se consideram geralmente estabelecidas sem margem para dúvida.
Por esse motivo, Petliura seria mais tarde, em 1926, abatido a tiro no seu exílio parisiense por um anarquista judeu franco-russo, Shlomo Schwartzbard, que tivera parte da sua família exterminada nos pogroms. O homicida foi julgado num tribunal francês, assumiu a premeditação do atentado e foi, ainda assim, absolvido.
O tribunal fundamentou a absolvição na prova que foi feita sobre a anterior acção genocida de Petliura. Schwartzbard emigrou para a Palestina, onde morreu em 1938. É hoje considerado um dos heróis nacionais israelitas, por ter abatido Petliura.
Além da homenagem a Petliura, o director do Instituto da Memória Nacional, Vladimir Vyatrovich, anunciou que outros dois responsáveis dos pogroms anti-semitas, Stepan Bandera e Roman Shukhevych, irão ter em breve ruas com os seus nomes na capital ucraniana.
Bandera e Shukhevych são posteriores a Petliura e viveram ainda a Segunda Guerra Mundial e a invasão da Ucrânia pelas tropas nazis. Foi nesse contexto que se distinguiram pela colaboração dispensada aos invasores e pelos massacres cometidos, em especial contra a população judaica da Ucrânia, sob a asa protectora do nazismo.
Em jeito de compensação, dar-se-á também o nome de Janusz Korczak a uma rua de Kiev. Korczak era o nome literário de Henryk Goldszmit, um professor judeu ucraniano assassinado em Auschwitz.
O dirigente judeu ucraniano Eduard Dolinsky protestou energicamente contra a anunciada atribuição dos nomes de Bandera e Shukhevych a ruas de Kiev. Também o director do Centro Simon Wiesenthal em Israel, Efraim Zuroff, protestou contra as homenagens a criminosos anti-semitas, que estão entretanto a tornar-se banais na Ucrânia.
Contudo, Josef Zissels, o presidente de uma outra organização judaica ucraniana, exortou os seus correligionários à conciliação, argumentando que a denúncia das figuras históricas do anti-semitismo ucraniano "conduz a recriminações desnecessárias, que só servem retrospectivamente mas não oferecem uma perspectiva para o futuro", num país em que, segundo o mesmo Zissels, os judeus são actualmente respeitados.
Zissels foi mesmo ao ponto de duvidar, num debate realizado na semana passada, "que livros judeus descrevam o que alguns judeus fizeram aos ucranianos" com o mesmo empenhamento com que descrevem as atrocidades anti-semitas.
A isto reagiu o compatriota e correligionário Dolinsky, dizendo que Zissels estabelece uma equivalência moral inaceitável entre judeus e anti-semitas.