Ucrânia. Kremlin diz não ter ainda decidido se irá prorrogar acordo de cereais

A Rússia anunciou esta quinta-feira que ainda não decidiu se irá prolongar ou não o acordo de exportação de cereais ucranianos, que expira daqui a duas semanas. O Kremlin defende que primeiro "será necessário fazer uma avaliação".

RTP /
Viacheslav Musiienko - Reuters

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse esta quinta-feira que a Rússia ainda não tomou uma decisão sobre o prolongamento do acordo de exportação de cereais ucranianos, assinado em julho. O acordo, assinado sob a égide da Turquia e da ONU, tem uma duração de quatro meses, terminando no próximo dia 19.

Peskov alertou que a recente decisão da Rússia de regressar ao acordo “não significa” que irá estendê-lo para além de 19 de novembro. “Antes de decidir, será necessário fazer uma avaliação”, explicou.

Depois de ter suspendido o seu envolvimento no acordo no sábado, a Rússia recuou e regressou ao acordo de exportação de cereais ucranianos na quarta-feira, argumentando que recebeu garantias de segurança por parte da Ucrânia. Por sua vez, esta quinta-feira, o Ministério turco da Defesa anunciou que seis cargueiros carregados com cereais deixaram os portos ucranianos.

O chefe da diplomacia da União Europeia agradeceu às Nações Unidas e à Turquia por mediarem a reativação do acordo para exportação de cereais da Ucrânia através do Mar Negro.

Os EUA também saudaram o resultado das negociações e enfatizaram que o acordo de cereais deve agora ser renovado.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também disse esta quinta-feira estar "determinado" a alcançar a renovação do acordo, que já atingiu um marco de dez milhões de toneladas métricas transportadas.

"Não estou otimista, não estou pessimista, apenas determinado", respondeu Guterres aos jornalistas, usando uma citação de Jean Monnet.

"E todos deveríamos estar determinados em fazer o que for necessário para garantir que temos a renovação da iniciativa dos cereais do Mar Negro e, ao mesmo tempo, que resolvemos os problemas que persistem na exportação de alimentos e fertilizantes russos", afirmou.
"O fracasso da agressão russa"

O presidente ucraniano, por sua vez, saudou a mudança de posição de Moscovo como um “resultado diplomático significativo” que demonstrou “o fracasso da agressão russa”.

“A implementação da iniciativa de exportação de cereais irá continuar”, disse Volodymyr Zelensky no seu discurso de quarta-feira à noite.

Zelensky afirmou que o recuo de Moscovo relativamente ao acordo de cereais demonstra que “a chantagem russa não levou a lugar nenhum”. Oito meses após o início da ofensiva, “o Kremlin está a dizer que eles exigiram garantias de segurança da Ucrânia”, afirmou. “Duzentos e cinquenta e dois dias atrás, a Rússia exigiu garantias de segurança dos Estados Unidos da América. São mudanças realmente marcantes. Isso mostra tanto o fracasso da agressão russa, quanto o quão forte nós somos quando permanecemos unidos”, acrescentou.

Também esta quinta-feira, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros pediu às Nações Unidas que intensifique os seus esforços para ajudar a garantir as suas próprias exportações agrícolas e de fertilizantes, que também faziam parte do acordo.

"Ainda não vemos resultados em relação a um segundo aspeto: a eliminação de obstáculos à exportação de fertilizantes e grãos russos", disse Sergei Lavrov em conferência de imprensa.

"Pedimos mais uma vez ao secretário-geral das Nações Unidas que cumpra as obrigações com as quais concordou por iniciativa própria", acrescentou Lavrov, salientando que a situação precisa de ser resolvida "num futuro muito próximo".

c/ agências
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