UE alerta para viragem perigosa da guerra no Sudão que pode acentuar crise humanitária

A chefe da diplomacia da União Europeia (UE) e a comissária europeia da Gestão de Crises alertaram hoje para a "viragem perigosa na guerra" do Sudão devido à tomada da cidade de Al-Fashir, que pode acentuar crise humanitária.

Lusa /
Mais de 11 milhões de deslocados devido à guerra no Sudão Luis Tato - AFP

"A tomada de Al-Fashir, capital de Darfur, pelas Forças de Apoio Rápido marca uma viragem perigosa na guerra e ameaça agravar ainda mais a situação humanitária já grave. O facto de os civis serem alvo de ataques com base na sua etnia sublinha a brutalidade das Forças de Apoio Rápido", referem numa declaração comum divulgada em Bruxelas.

A Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, e a comissária europeia da Gestão de Crises, Hadja Lahbib, pedem que "todas as partes procedam imediatamente à contenção de tensões, em conformidade com a Resolução 2736 do Conselho de Segurança das Nações Unidas".

"Todas as partes devem respeitar o direito internacional humanitário", frisam nesta tomada de posição comum.

Segundo Kallas e Lahbib, as Forças de Apoio Rápido "têm a responsabilidade de proteger os civis nas zonas sob o seu controlo, incluindo os trabalhadores humanitários, os socorristas locais e os jornalistas".

As responsáveis adiantam que a UE, um dos maiores doadores humanitários do Sudão, "está em contacto com as partes em conflito e os parceiros internacionais para os exortar a regressarem à mesa das negociações".

Em 2025, a UE atribuiu mais de 270 milhões de euros para fazer face à crise humanitária no Sudão e ao seu impacto nos países vizinhos.

A UE apoia também os esforços internacionais para garantir a responsabilização de todos os responsáveis por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

A cidade de Al-Fashir, que há mais de 18 meses que estava cercada pelos paramilitares das Forças de Apoio Rápido, era o último bastião do exército sudanês na região de Darfur do Norte e foi conquistada na noite domingo.

A guerra civil no Sudão, iniciada em abril de 2023, causou dezenas de milhares de mortes, obrigou mais de 13 milhões de pessoas a fugirem das suas casas e transformou o país no cenário da pior crise humanitária do mundo, e metade da população enfrenta uma grave insegurança alimentar, de acordo com as Nações Unidas.

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