UE "extremamente inquieta" pelas detenções de deputados pró curdos na Turquia

por Graça Andrade Ramos - RTP
Janerik Henriksson - Reuters

Através de um tweet, a responsável pelas relações externas da União Europeia, Federica Mogherini, manifestou a preocupação europeia com a detenção esta madrugada na Turquia dos líderes e deputados do partido pró curdo HDP.

"Extremamente inquietos com a detenção" de Selahattin Demirtas e Figen Yüksekdag, copresidentes do Partido Democrático dos Povos (HDP, esquerda e pró-curdo), terceira força política no parlamento, escreveu.

"Em contacto com as autoridades. Convocação de uma reunião de embaixadores da UE em Ancara", acrescentou.

 



A França apelou também a Turquia a respeitar "a lei e os direitos fundamentais" incluindo a democracia e a liberdade de imprensa, revelou por seu lado o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros Romain Nadal, dando parte das "graves preocupações" francesas com a detenção dos políticos.

Berlim convocou por seu lado o encarregado dos negócios estrangeiros turco na Alemanha para esta tarde, sobre "os recentes desenvolvimentos na Turquia", de acordo com um comunicado do ministério alemão dos Negócios Estrangeiros.

"A prisão esta madrugada de políticos e deputados do partido curdo HDP (partido Democrático do Povo) representa aos olhos do ministro dos Negócios Estrangeiros mais uma drástica intensificação da situação", afirma o texto.

O ministério alemão sublinha que ninguém contesta o direito de Ancara responder à tentativa de golpe de Estado ocorrida a 15 de julho. "mas isso não pode justificar o silenciamento nem sequer a detenção da oposição política", afirma o documento.
Purga
Numa operação simultânea desencadeada em várias províncias, a maioria situadas no sudeste do país, a polícia turca deteve os dois co-presidentes e outros deputados, incluindo o ator e guionista Sirri Süreyya Önder, uma figura emblemática da esquerda turca e da causa curda.

No total, 11 deputados do principal partido pró-curdo foram detidos, segundo declarações do Ministério do Interior, citadas pela NTV. Alegadamente por se recusarem a cumprir a intimação judicial para interrogatório por suspeita de envolvimento em ações terroristas.

As detenções representam um golpe sem precedentes contra a terceira força política da Turquia e são a mais recente purga de uma série que levou às prisões turcas milhares de pessoas, de professores, advogados e juízes, até militares e jornalistas.

Selahattin Demirtas e Figen Yüksekdag, co-presidentes do HDP, foram interpelados com outros deputados do partido no quadro de uma investigação "antiterrorista" ligada ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), afirmou a agência de notícias truca Anadolu. O poder turco acusa o HDP de ser o "braço político" do PKK, que considera uma organização terrorista.

O deputado Idris Baluken foi o primeiro dos detidos a ser formalmente detido pelo tribunal, de acordo com um porta-voz do HDP.

Esta manhã, horas depois das detenções, a explosão de um carro armadilhado em Diyarbakir, "capital" do sudeste da Turquia, de maioria curda, fez pelo menos oito mortos e mais de uma centena de feridos.
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