Jacques Chirac, que falava numa conferência de imprensa em Bruxelas após a cimeira extraordinária da NATO e antes da cimeira UE/EUA, asseverou que os países europeus "não fizeram concessões, nem em relação ao Iraque, nem às alterações climáticas, nem à ajuda ao desenvolvimento".

O que aconteceu, segundo o presidente francês, foi que Bush "manifestou claramente a sua vontade de reforçar uma verdadeira cooperação entre a Europa e os Estados Unidos" e esta é a altura de a União Europeia demonstrar os progressos que fez em matéria de Política Externa e de Defesa, centrais nessas relações.

Segundo explicou, o que se passa actualmente no Iraque corresponde à aplicação da resolução 1546 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada por unanimidade, pelo que os europeus, ao participarem na formação das forças de segurança iraquianas, estão a respeitar o compromisso de contribuir para a criação de um Estado de Direito.

O presidente francês frisou, no entanto, que há neste momento entre a Europa e os Estados Unidos "um acordo geral sobre a forma de lidar" com as principais questões internacionais, que sugere que "alguma coisa mudou, especialmente na aproximação dos Estados Unidos à UE".

"Os Estados Unidos tomaram consciência da realidade da UE de uma forma mais clara do que a que tinham" e "o presidente Bush deu indicações de que quer uma verdadeira associação e uma verdadeira discussão" com "uma visão mais realista", disse Chirac.

Sobre a questão das alterações climáticas, em que as diferenças se agudizaram com a recusa dos Estados Unidos de assinarem o Protocolo de Quioto, o presidente francês disse ter sido este "um dos assuntos" que discutiu com o presidente norte-americano no jantar realizado segunda-feira à noite e que será "sem dúvida abordado hoje à tarde" na cimeira UE/EUA.

"A UE é unânime nesta questão (Ó) e Bush parece estar a considerar uma evolução na política a seguir" em termos ambientais, disse.

Quanto à ajuda internacional ao desenvolvimento, Jacques Chirac considerou que os objectivos da Cimeira do Milénio da ONU - reduzir para metade a pobreza no mundo - "não vão ser atingidos sem novas medidas" e manifestou o seu apoio às ideias lançadas pelo chanceler alemão, Gerhard Schroeder, sobre planos de dívida e sistemas inovadores de financiamento.