UE pede que o acesso humanitário seja facilitado no leste da RDCongo
A União Europeia (UE) apelou à reabertura do aeroporto da estratégica cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), para facilitar o acesso humanitário ao país, que há anos enfrenta conflitos armados.
O Representante Especial da União Europeia (UE) para a região dos Grandes Lagos, Johan Borgstram, declarou à imprensa na quarta-feira à noite, em Kinshasa, que tanto o Governo da RDCongo como o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) "têm obrigações muito claras quanto à importância de aliviar o sofrimento das populações no terreno".
"Por isso, para nós, é essencial que o aeroporto de Goma seja reaberto, mesmo que em pequena escala", afirmou o representante da UE, referindo-se à principal cidade da região leste do país, que foi tomada pelo M23 em janeiro passado, após uma escalada nos combates contra o Exército congolês.
"Insistimos para que todas as partes facilitem o acesso humanitário irrestrito em todo o território congolês, independentemente de quem controla determinadas áreas", afirmou o enviado europeu.
Embora Borgstram tenha saudado os esforços de mediação em curso para resolver o conflito, observou que a UE está "extremamente preocupada" com a escalada da violência e destacou a "discrepância" entre estes processos diplomáticos em curso e a situação no terreno, onde os confrontos continuam.
O conflito do M23, apoiado pelo Ruanda --- segundo a ONU e vários países ocidentais --- intensificou-se no final de janeiro, quando o grupo rebelde capturou Goma e, posteriormente, avançou sobre Bukavu, a capital da província vizinha de Kivu do Sul.
As perspetivas de uma solução negociada para o conflito foram renovadas com a assinatura de um acordo de paz no âmbito ministerial entre a RDCongo e o Ruanda em Washington, em 27 de junho.
Em 14 de outubro, a RDCongo e o M23 assinaram um novo acordo em Doha, capital do Qatar, para monitorar um eventual cessar-fogo, após o último pacto para a concretizar a paz - delineado pelas partes em julho e que deveria ter sido implementado até 18 de agosto - não ter sido cumprido.
No entanto, os combates continuam e os dois lados acusam o outro de violar o cessar-fogo.
Desde 1998 que o leste da RDCongo sofre com um conflito alimentado pela presença de grupos rebeldes e do Exército, apesar do destacamento da missão da ONU (MONUSCO) no país.