UE saúda assinatura de acordo de paz entre RDCongo e Ruanda e pede cessar-fogo efetivo
A diplomacia da União Europeia (UE) saudou hoje o acordo de paz assinado pelos Presidentes da República Democrática do Congo (RDCongo) e do Ruanda para pôr fim ao conflito entre os dois países, pedindo um "urgente cessar-fogo efetivo".
"A União Europeia congratula-se com a assinatura dos acordos de Washington para a paz e a prosperidade [...] e louva esforços dos Estados Unidos. O compromisso renovado da RDCongo e do Ruanda em procurar uma solução política para o conflito em curso no leste da RDCongo constitui um passo importante", reage em comunicado o porta-voz da UE para a política externa e de segurança, Anouar El Anouni.
Um dia após a assinatura, o responsável "lamenta a continuação das hostilidades e da violência no leste da RDCongo, bem como a persistência da crise humanitária e das violações dos direitos humanos", vincando ser "urgentemente necessário um cessar-fogo efetivo".
Na nota, a diplomacia comunitária "insta novamente todos os intervenientes a honrarem os seus compromissos" e "reitera o seu firme apoio a uma solução pacífica do conflito no leste da RDCongo", estando a UE "disposta a desempenhar o seu papel, contribuindo para a construção da paz através da integração económica regional".
A posição surge um dia depois de os Presidentes da RDCongo e do Ruanda terem assinado, em Washington, um acordo de paz, na presença dos chefes de Estado norte-americano, Donald Trump, e angolano, João Lourenço, atual presidente da União Africana e um dos mediadores do conflito.
"Hoje, estamos a triunfar onde tantos outros falharam e esta tornou-se a oitava guerra que terminamos em menos de um ano. É realmente emocionante, porque falamos de 30 anos de luta e mais de dez milhões de vidas", disse Donald Trump durante a cerimónia da assinatura do acordo de paz.
Trump detalhou que o acordo contempla um cessar-fogo permanente, o desarmamento das forças não-estatais, o retorno dos refugiados e a responsabilização para aqueles que cometeram atrocidades.
O pacto inclui ainda uma componente económica, ao conceder aos Estados Unidos da América acesso preferencial a minerais estratégicos da região.
Os Presidentes de ambos os países africanos agradeceram ao líder norte-americano pela sua participação no acordo, mas esclareceram que, se "as coisas não correrem como deveriam", a responsabilidade não recairá sobre Trump.
"Cabe a nós, em África, trabalhar com os nossos parceiros, para consolidar e ampliar esta paz", garantiu o Presidente ruandês, Paul Kagame, durante a sua intervenção.
Por sua vez, o chefe de Estado congolês democrático, Félix Tshisekedi, mostrou-se esperançoso: "Seremos lúcidos, mas firmemente otimistas. Estes acordos de Washington para a paz e a prosperidade devem ser para os nossos povos um símbolo de um compromisso irreversível", acrescentou.
Este é um dos mais prolongados e complexos conflitos de África, que começou na década de 1990, após o genocídio do Ruanda, quando grupos armados e milícias estrangeiras entraram no território congolês.
Desde então, o país tem enfrentado guerras civis marcadas por disputas étnicas, luta pelo controlo de recursos minerais valiosos e instabilidade política.
Estima-se que milhões de pessoas tenham sido deslocadas e que tenham sido cometidas inúmeras violações de direitos humanos.