Uganda. Oposição acusa forças de segurança de detenções arbitrárias em tempo de campanha presidencial

Desde o início da campanha, no mês passado, foram detidos mais de 300 apoiantes e membros do partido do candidato presidencial da oposição, Bobi Wine. A informação foi avançada à agência Reuters esta terça-feira pelo porta-voz da candidatura.

RTP /
Um homem carrega um manifestante que ficou ferido durante uma ação de apoio a Bobi Wine, candidato às eleições presidenciais no Uganda. Foto: Abubaker Lubowa - Reuters

A presidência do Uganda volta a ser disputada no próximo dia 15 de janeiro. Depois de sair derrotado nas eleições de 2021, a antiga estrela pop, conhecida pelo nome artístico de Bobi Wine, volta agora a enfrentar o atual presidente Yowweri Museveni na corrida.

No poder desde 1986, Museveni foi novamente autorizado pela Comissão Eleitoral a candidatar-se a um novo mandato. Com 81 anos, é agora o quarto líder mais antigo em todo o continente africano, tendo ratificado uma reforma constitucional em 2017 que eliminou a idade limite para ser eleito presidente do país, que era até então de 75 anos.

Em 2005, o líder ugandês já tinha permitido a alteração da Constituição, suprimindo a limitação de dois mandatos presidenciais, o que viabilizou os seus terceiro, quarto e quinto mandatos.
"O regime está em pânico"

Em declarações à Reuters esta terça-feira, o porta-voz do partido da oposição, Joel Ssenyonyi, acusou as forças de segurança do Uganda de terem realizado mais de 300 detenções de apoiantes e membros do grupo político desde o início da campanha no mês passado.

A mesma fonte relata ainda que mais de uma centena das detenções se deram na capital de Kampala, na última segunda-feira, a mesma cidade que marcou o início da semana de campanha de Bobi Wine.

“Mais de 300 pessoas foram detidas desde o início da campanha. O regime está em pânico, está a recorrer a detenções para dissuadir e incutir medo no nosso povo”, disse à agência de notícias.

Ssenyonyi denuncia que a maioria das pessoas detidas são cidadãos comuns, apoiantes da Plataforma de Unidade Nacional (NUP), apesar de alguns responsáveis pela candidatura estarem também sob custódia.

Questionado pela Reuters, o porta-voz da polícia, Rusoke Kituuma, não se quis pronunciar sobre as denúncias da oposição. 

Em imagens transmitidas pela emissora local NTV, vê-se que as forças de segurança recorreram a gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar uma multidão de apoiantes do opositor de Museveni
, na mesma manifestação.
Polícia admitiu sete detenções

Segundo a Reuters, as autoridades policiais avançaram com um comunicado na noite de segunda-feira, onde assumem ter detido sete apoiantes da oposição, após confrontos com a polícia, acusando-os de arremessar pedras e ferir sete membros das forças policiais.

“As forças de segurança responderam [aos ataques dos cidadãos] com medidas de ordem pública para assegurar o controlo da multidão tumultuosa”, acrescentam ainda no comunicado citado pela Reuters.

Derrotado em 2021, com 34,83 por cento dos votos, o candidato à presidência, Bobi Wine, insiste que Museveni cometeu fraude eleitoral e recorreu a intimidação de eleitores e táticas de suborno e manipulação para sair vitorioso na mais conturbada eleição de sempre em Uganda. Os responsáveis do partido no poder rejeitam as acusações.
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