Um morto e um ferido após invasão de Nampanha
Pelo menos uma pessoa morreu e outra ficou ferida após um ataque de supostos rebeldes em Nampanha, na sede do distrito de Muidumbe, na província moçambicana de Cabo Delgado, disseram hoje à Lusa fontes locais.
"Sim, atacaram em Nampanha e mataram uma pessoa", disse à Lusa um paramilitar da Força Local, a partir de Muidumbe.
O ataque ocorreu às 22:00 (20:00 de Lisboa) de sábado, quando o grupo entrou na comunidade a disparar, a cerca de 25 quilómetros da sede do distrito de Muidumbe.
"Mais uma vez estamos mal, entraram os terroristas e mataram uma pessoa, feriram outra e levaram um jovem para as matas", disse uma outra fonte à Lusa, a partir de Nampanha.
Devido ao ataque, a população refugiou-se nas matas de Muidumbe e só regressou hoje à aldeia de Nampanha, enquanto outra parte da comunidade seguiu para Mueda, distrito considerado seguro.
Além de Nampanha, as comunidades de Namande, Namacule e Muambula, próximas da aldeia atacada, também estão a abandonar a região por medo de novas incursões.
O ataque a localidade de Nampanha, em Muidumbe, aconteceu no mesmo dia em que a população viu dezenas de militares que terão sido enviados para reforçar posições próximas ao local do ataque.
Um levantamento da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês), noticiado na sexta-feira pela Lusa, estima que a província moçambicana de Cabo Delgado registou 11 eventos violentos entre 27 de outubro e 09 de novembro, essencialmente envolvendo elementos ligados ao movimento extremista Estado Islâmico, provocando dez mortos entre civis.
De acordo com o mais recente relatório da ACLED, dos 2.251 eventos violentos registados desde outubro de 2017, quando começou a insurgência armada em Cabo Delgado, um total de 2.077 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).
Estes ataques provocaram 6.316 mortos em pouco mais de oito anos, refere-se no novo balanço, incluindo as dez vítimas reportadas nestas duas semanas, entre outubro e novembro.
A primeira-ministra moçambicana, Benvinda Levi, reconheceu na quinta-feira a "persistência de ações terroristas" como um dos principais desafios do país, mas apontou uma "estabilização" no terreno, que tem permitido o "regresso gradual" das populações às zonas de origem.
"Um dos principais desafios que o nosso país regista de momento é a persistência de ações terroristas em alguns distritos de Cabo Delgado, onde estes têm estado a recorrer, entre outros `modos operandi`, a ataques esporádicos e dispersão em pequenos grupos", reconheceu, ao intervir no parlamento para prestar informações aos deputados.