Uma em quatro mulheres na Austrália sofre violência sexual durante a vida

por Lusa

Uma em cada quatro mulheres na Austrália sofre violência sexual ao longo da vida, num país onde a sensibilidade à questão tem aumentado desde um alegado escândalo de violação em 2019 no parlamento, indica hoje um relatório governamental.

O primeiro boletim sobre o estatuto das mulheres na Austrália, publicado no `site` do Departamento da Mulher, quando se assinala o Dia Internacional da Mulher, refere também que uma em cada duas australianas é vítima de assédio sexual no país.

"Trazer estas estatísticas à luz pode ser conflituoso, mas é crucial se quisermos ter uma conversa honesta sobre a igualdade de género neste país", disse a ministra das Mulheres, das Finanças e para a Administração Pública, Katy Gallagher, numa declaração.

A violência sexual contra as mulheres saltou para o primeiro plano do debate no país, quando a antiga funcionária do Partido Liberal Brittany Higgins disse ter sido violada por um colega num gabinete do parlamento, desencadeando marchas em defesa dos direitos das mulheres e também novas alegações.

Embora a queixa tenha acabado por ser retirada, devido ao impacto do processo judicial na saúde de Higgins, o Governo australiano pediu desculpa por não garantir a segurança da funcionária.

Desde que chegou ao poder em maio de 2022, o primeiro-ministro, Anthony Albanese, tem vindo a impulsionar uma vasta agenda que inclui numerosas medidas de justiça social e igualdade.

O relatório governamental também fornece dados preocupantes sobre as disparidades de género no rendimento e na participação laboral, bem como um risco acrescido de pobreza.

O estudo observou que "o grupo de pessoas sem abrigo que mais rapidamente cresce é o das mulheres com 55 anos ou mais", com um aumento de 31% entre 2011 e 2016.

Embora o relatório não forneça dados atuais, indicadores apontam para um agravamento da situação, uma vez que um outro inquérito sobre habitação, divulgado no início da semana, indicou que o número de casas alugadas por menos de 400 dólares australianos por semana (250 euros) - as mais baratas - caiu 17,6 % no mês passado.

O relatório salientou também que 40% das mulheres desfavorecidas afirmaram que a sua situação se deve à violência doméstica na Austrália, país onde uma mulher é assassinada pelo parceiro a cada dez dias.

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