União Africana denuncia atrocidades e alegados crimes de guerra em Al-Fashir

A União Africana (UA) denunciou hoje atrocidades e supostos crimes de guerra na cidade sudanesa de Al-Fashir, dois dias depois de os paramilitares terem anunciado a captura da cidade, controlando agora toda a região do Darfur.

Lusa /

Após um cerco de 18 meses, Al-Fashir, no oeste do Sudão, era a última cidade da vasta região do Darfur ainda fora do controlo das Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês), que estão em guerra com o exército desde abril de 2023.

O presidente da Comissão da UA, Mahamoud Ali Youssouf, "condenou nos termos mais veementes as graves violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário, incluindo alegados crimes de guerra e o assassinato de civis com base na sua etnia".

"Os autores destes atos hediondos serão responsabilizados", continuou, denunciando uma "escalada de violência".

O Alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, por sua vez, manifestou na segunda-feira preocupação com o "risco crescente de atrocidades com motivações étnicas", depois de o seu gabinete ter recebido relatos de "abusos, incluindo execuções sumárias" cometidos pela RSF.

Al-Fashir, a frente mais disputada do conflito, era a última cidade da vasta região do Darfur ainda sob controlo do exército antes da sua retirada, no domingo, entregando o controlo aos paramilitares, que travam uma luta pelo poder desde abril de 2023.

Desde maio de 2024 que a cidade está cercada por paramilitares, deixando centenas de milhares de civis expostos à fome, à falta de assistência médica e à insegurança.

O chefe do Exército, general al-Burhan, reconheceu na noite de segunda-feira "a retirada do exército de Al-Fashir para um local mais seguro", afirmando que o seu lado "se vingará".

Segundo a ONU, mais de um milhão de pessoas fugiram da cidade desde o início da guerra e os cerca de 260 mil residentes de Al-Fashir, metade dos quais são crianças, têm falta de tudo.

Desde o início do conflito, dezenas de milhares de pessoas foram mortas e quase 12 milhões foram deslocadas, algumas delas várias vezes. Esta guerra foi descrita pela ONU como "a pior crise humanitária do mundo".

Segundo a ONU, mais de um milhão de pessoas fugiram de Al-Fashir desde o início do conflito.

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