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UNICEF. Atraso dos Objetivos de Desenvolvimento compromete futuro de 1,9 mil milhões de crianças

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
"Estamos a ficar sem tempo para transformar a promessa dos ODS em realidade", afirmou Catherine Russell, diretora executiva da UNICEF © UNICEF/UN0799794/Rouzier

A apenas sete anos do fim do prazo fixado pela Agenda 2030, "dois terços dos indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados com crianças estão atrasados para alcançar as suas metas", alerta a UNICEF no seu mais recente relatório, divulgado esta segunda-feira, véspera do início da Cimeira dos ODS e da 78ª Assembleia Geral da ONU. Alterações climáticas, conflitos, pandemia da covid-19, crises económicas, muitos são os desafios que atrasaram ou reverteram anos de progressos em termos de direitos e bem-estar das crianças em todo o mundo.

"A meio caminho dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2030”, dois terços dos indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento (ODS) de 2030 relacionados com os direitos e bem-estar das crianças estão atrasados, colocando em risco 1,9 mil milhões de menores em 140 países, segundo a Agência das Nações Unidas para as crianças. "Até à data, apenas seis por cento da população infantil de apenas onze países alcançou 50 por cento das metas relacionadas com as crianças, o nível mais alto de realização a nível global", alertou a UNICEF.

A este ritmo e caso os progressos previstos pela Agenda 2030 se mantenham, apenas um total de 60 países - onde vivem só 25 por cento da população infantil - terão atingido as suas metas até 2030.
"Aceleração histórica"
De acordo com o documento “Progressos no bem-estar das crianças: Centrar os direitos da criança na Agenda 2030", é obrigatória “uma aceleração histórica” que “coloque as crianças no centro das agendas nacionais” para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um plano de ação construído em torno de 17 prioridades globais que visa melhorar a vida das pessoas e o estado do planeta até 2030, adotado pelos estados-membros da ONU em 2015.
"Há sete anos, o mundo comprometeu-se a erradicar a pobreza, a fome e a desigualdade, e a garantir que todos – especialmente as crianças – tenham acesso a serviços básicos de qualidade," afirmou Catherine Russell, diretora Executiva da UNICEF.

No entanto a sete anos do fim do prazo, Catherine Russell considera que "estamos a ficar sem tempo para transformar a promessa dos ODS em realidade". Para a diretora da UNICEF, o incumprimento dos objetivos terá consequências visíveis na vida das crianças e na sustentabilidade do planeta. "Temos de voltar ao caminho certo, e isso começa por colocar as crianças no centro da ação acelerada para alcançar os ODS", acrescenta.

Sobretudo os objetivos que estão mais distantes das suas metas, nomeadamente os relacionados com proteção, aprendizagem e uma vida sem pobreza, profundamente impactados pelos efeitos de crises como a pandemia da covid-19, as alterações climáticas e ainda as alterações climáticas.
"Transformar promessa em realidade"

Na véspera da Semana de Alto Nível da 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) e da Cimeira dos ODS, que começa esta segunda-feira, em Nova Iorque, o novo relatório da UNICEF mostra uma visão geral do progresso até à data sobre os indicadores específicos para crianças nos ODS e identifica os desafios e oportunidades para uma ação acelerada.

São "17 objetivos" e "faltam sete anos para transformar o mundo", adverte a UNICEF, através de uma publicação na rede social X, ex-Twitter. A diretora da Agência da ONU para as Crianças, Catherine Russell defende que "muito pode acontecer em sete anos" mas, para o conseguir, "os líderes mundiais têm de se tornar defensores das crianças e colocar os direitos da criança no centro das suas agendas políticas e orçamentais nacionais".

A história mostra que em países de baixo e médio-baixo rendimento - como é o caso do Camboja, Índia, Marrocos, Ruanda e Uganda - o desenvolvimento acelerado é possível com um forte compromisso nacional, políticas eficazes e financiamento adequado.
De acordo com o relatório, os países atrasados "ainda têm muito caminho a percorrer para alcançar as metas e devem manter o seu ritmo ou acelerar ainda mais", para conseguir alcançar as metas em 2023, terão de acelerar o progresso para níveis "historicamente sem precedentes".

Para não deixar nenhuma criança para trás e preservar os seus direitos e bem-estar, a UNICEF insta os Estados-membros da ONU a assumirem compromissos políticos fortes e aumentarem significativamente a despesa em áreas como a sáude, a educação e a proteção social, através da  definição de metas ambiciosas, realistas e adaptadas aos contextos locais, privilegiando o conhecimento e estabelecendo parcerias sólidas.
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