UNITA assinala terça-feira 3º aniversário da morte de Jonas Savimbi

A UNITA assinala terça-feira o terceiro aniversário da morte de Jonas Savimbi, fundador do partido, sem que tenha ainda conseguido autorização do governo angolano para transladar os seus restos mortais para o jazigo de família no Andulo, Bié.

Agência LUSA /

Jonas Savimbi morreu em combate a 22 de Fevereiro de 2002 nas imediações da localidade de Lucusse, na província angolana do Moxico, no leste do país.

Os seus restos mortais foram enterrados no cemitério de Luena, capital provincial do Moxico, mas a UNITA pretende que sejam transladados para o Andulo, na província do Bié, onde se encontra o jazigo da família.

"Não podemos deixar o corpo do presidente e fundador da UNITA onde está. Ele tem que ser transladado para Lopitanga, (localidade do município do Andulo) onde jazem os seus pais", afirmou à Lusa o vice- presidente da UNITA, Ernesto Mulato.

Ernesto Mulato admitiu que ainda não é possível prever quando será realizada a transladação dos restos mortais de Savimbi, salientando que a UNITA "aguarda pela autorização das autoridades angolanas".

Para assinalar o terceiro aniversário da morte de Jonas Savimbi, a UNITA vai realizar terça-feira um comício no Andulo, que contará com a presença do líder do partido, Isaías Samakuva.

A morte de Savimbi, que a UNITA assinalou com a instituição do +Dia do Patriota+, permitiu acabar com o conflito armado em Angola.

Nos dias que se seguiram à morte de Jonas Savimbi, a generalidade dos responsáveis militares da UNITA entregaram-se às forças governamentais, iniciando um processo de negociações que culminou com a assinatura no início de Abril de 2002 do denominado Memorando de Entendimento de Luena.

O documento foi assinado pelos responsáveis militares da UNITA e das Forças Armadas Angolanas (FAA), numa cerimónia realizada na Assembleia Nacional, em Luanda, na presença do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, do representante do Secretário Geral da ONU, do corpo diplomático acreditado em Luanda e de dirigentes de forças políticas e de organizações da sociedade civil.

"A morte de Jonas Savimbi trouxe a paz, que é o mais importante para todos os angolanos", considerou o secretário para a Informação do MPLA, Norberto dos Santos +Kuata Kanua+, em declarações à Lusa.

Para o dirigente do partido no poder em Angola, "só em paz é possível o exercício pleno da democracia, o que era difícil com Savimbi vivo".

Opinião idêntica foi também defendida pelo vice-presidente da FNLA, Ngola Kabangu, para quem "a morte de Savimbi permitiu acabar com a guerra".

"Foi pena ter morrido um compatriota nas condições em que ele morreu, mas a guerra acabou e isso trouxe benefícios", afirmou, defendendo que depois de conquistada a paz, os angolanos se deviam empenhar "na realização de eleições e na consolidação da democracia".

Lindo Bernardo Tito, líder parlamentar do PRS, partido que tem a segunda maior representação da oposição na Assembleia Nacional, lamentou que a morte de Jonas Savimbi e o consequente fim da guerra não tenha permitido melhorar as condições de vida dos angolanos.

"A morte de Savimbi permitiu a obtenção da paz, mas do ponto de vista social não mudou nada em Angola em relação aos tempos da guerra", afirmou.

Uma opinião diferente têm, naturalmente, os responsáveis da UNITA, com Ernesto Mulato a defender que Jonas Savimbi "se estivesse vivo, poderia dar um grande contributo ao país".

"Savimbi foi um nacionalista. Podia ter ido para o exílio, mas resistiu até à morte para defender os seus ideais para Angola", frisou.

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