Mundo
Universidades afegãs reabrem a mulheres, com muitas restrições e poucas estudantes
Foram várias as universidades públicas do Afeganistão que reabriram, na quarta-feira, a estudantes do sexo feminino. É a primeira vez, desde que os talibã assumiram o governo do país, que as mulheres voltaram a estar autorizadas a entrar num campus universitário e a frequentar um curso superior. Os alunos têm de estar separados nas aulas, não podendo haver mistura entre géneros.
Embora o grupo extremista tenha imposto muitas restrições às mulheres afegãs, garante não ter objeções quanto à sua educação e formação. No entanto, os alunos têm de estar separados nas aulas, não podendo haver mistura entre géneros.
Em 2021, a maioria das escolas secundárias para raparigas e todas as universidades públicas foram encerradas quando o grupo armado voltou ao poder. Com estas proibições, começou-se a temer que as mulheres fossem, mais uma vez, impedidas de estudar, tal como aconteceu durante o primeiro governo dos Talibãs, de 1996 a 2001.
Mas na quarta-feira, as universidades nas províncias de Laghman, Nangarhar, Kandahar, Nimroz, Farah e Helmand abriram e, segundo a AFP, pequenos grupos de mulheres, de véu ou burca, regressaram aos campus universitários. O governo não anunciou oficialmente o plano educacional para as estudantes universitárias, mas as instituições confirmaram que as afegãs podiam frequentar as aulas na condição de serem separadas dos estudantes do sexo masculino.
Khalil Ahmad Bihsudwal, diretor da Universidade de Nangarhar, assegurou à Reuters que os estudantes do sexo masculino e feminino da instituição iam frequentar aulas separadas.
Uma estudante de medicina desta universidade contou, anonimamente, que as aulas tinham sido divididas por género. Contudo, não está claro se as mulheres podem ser ensinadas por professores do sexo masculino ou até interagir com alunos do sexo masculino fora da sala de aula, no campus.
"Apenas os nossos horários letivos são separados, embora nos tenham dito para não andarmos pela universidade até que o horário dos rapazes tenha terminado", disse a jovem à Reuters. "Apesar de todas as mudanças e condições, ainda quero continuar porque a minha educação não deve ser interrompida".
Khalil Ahmad Bihsudwal, diretor da Universidade de Nangarhar, assegurou à Reuters que os estudantes do sexo masculino e feminino da instituição iam frequentar aulas separadas.
Uma estudante de medicina desta universidade contou, anonimamente, que as aulas tinham sido divididas por género. Contudo, não está claro se as mulheres podem ser ensinadas por professores do sexo masculino ou até interagir com alunos do sexo masculino fora da sala de aula, no campus.
"Apenas os nossos horários letivos são separados, embora nos tenham dito para não andarmos pela universidade até que o horário dos rapazes tenha terminado", disse a jovem à Reuters. "Apesar de todas as mudanças e condições, ainda quero continuar porque a minha educação não deve ser interrompida".
Também à Reuters, uma testemunha contou que na Universidade de Nangarhar as raparigas entram por uma porta diferente da porta utilizada pelos rapazes.
Shaker Wahidi, funcionário do Ministério do Ensino Superior do Afeganistão, explicou à CNN que as universidades públicas nas províncias mais quentes - como Nangarhar, Paktia, Paktika e Kandahar - tinham reaberto e começado as aulas na quarta-feira, mas que as instituições de Ensino Superior nas regiões mais frias do país só retomariam a atividade em março, permitindo também a entrada de mulheres.
Todavia, algumas das universidades privadas do país reabriram mas sem alargar o ensino às mulheres.
Professoras insuficientes
O Governo dos talibãs assegurou aos meios de comunicação social estrangeiros que não tem objeções à educação das mulheres, mas quer que as aulas sejam segregadas e que o currículo seja baseado nos seus princípios e valores.
"Fomos informados de que as aulas serão orientadas de acordo com a Sharia [lei islâmica]”, disse à AFP Malik Samadi, um estudante de matemática de 23 anos. “Espero que mantenham todos os cursos, porque a sociedade precisa deles".
“A educação é a base de um país”, disse também o estudante de engenharia civil Munsefullah da Universidade de Helmand, mostrando-se satisfeito por retomar os estudos.
Mas nem tudo é favorável: algumas instituições, como a Laghman University, têm de enfrentar a escassez de professoras. Se as aulas para estudantes do sexo feminino forem lecionadas por mulheres, a universidade têm apenas uma professora para cada 270 alunas.
O diretor da universidade, Asmatullah Durrani, disse ao Al Jazeera que a administração da instituição tenta agora “recrutar mais mulheres” professoras.
"Fomos informados de que as aulas serão orientadas de acordo com a Sharia [lei islâmica]”, disse à AFP Malik Samadi, um estudante de matemática de 23 anos. “Espero que mantenham todos os cursos, porque a sociedade precisa deles".
“A educação é a base de um país”, disse também o estudante de engenharia civil Munsefullah da Universidade de Helmand, mostrando-se satisfeito por retomar os estudos.
Mas nem tudo é favorável: algumas instituições, como a Laghman University, têm de enfrentar a escassez de professoras. Se as aulas para estudantes do sexo feminino forem lecionadas por mulheres, a universidade têm apenas uma professora para cada 270 alunas.
O diretor da universidade, Asmatullah Durrani, disse ao Al Jazeera que a administração da instituição tenta agora “recrutar mais mulheres” professoras.
Também a chefe da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA), Deborah Lyons, apelou a mais “programas de bolsas e apoio” para os professores, agora que as universidades estão a abrir.
"Vamos todos apoiar o regresso dos jovens estudantes afegãos do sexo feminino e masculino às universidades em todo o Afeganistão", escreveu Lyons no Twitter. "Os apoiantes podem considerar uma série de programas de bolsas de estudo e apoio contínuo a professores do sexo feminino e masculino".
Let’s all support the return of Afghan young female and male students to the universities across Afghanistan. Supporters can consider a range of scholarship programs and ongoing support to female and male professors. https://t.co/VqhVDvSJ97
— Deborah Lyons (@DeborahLyonsUN) February 2, 2022
A reabertura destas instituições ocorre uma semana depois de uma delegação talibã ter negociado com autoridades ocidentais na Noruega, onde o governo afegão foi pressionada a melhorar os direitos das mulheres se queria que fossem desbloqueados mil milhões de dólares em ativos apreendidos e ajuda estrangeira congelada.
A suspensão destas ajudas precipitou uma grave crise humanitária no Afeganistão nos últimos meses.
Até agora, nenhum país reconheceu o novo governo talibã, que impôs várias restrições às mulheres, inclusive banindo-as de alguns cargos governamentais. Entretanto, os atuais governantes garantiram que todas as escolas femininas serão reabertas até final de março.