Ussumane vendia cuecas a mulheres guineenses mas mudou para comércio de máscaras
Bissau, 04 mai 2020 (Lusa) - Ussumane vendia cuecas pelas ruas da capital guineense, mas com a chegada ao país da pandemia provocada pelo novo coronavírus, com pessoas a fugirem da doença, o comerciante ambulante passou a comercializar máscaras feitas de pano.
Por perceber que "é o que as pessoas mais procuram", Ussumane Bá, 44 anos, decidiu deixar em casa "por alguns dias" a remessa de cuecas que tinha para vender, para se dedicar ao comércio ambulante de máscaras, a preços que variam entre 250 e os 300 francos CFA (entre 0,20 e 0,40 cêntimos de euros), por peça.
Ussumane compra as máscaras de um amigo alfaiate no Bairro Militar e vende diretamente às pessoas que encontra pelas ruas de Bissau ou nos seus locais de trabalho.
Só não diz por quanto é que compra cada peça ao amigo alfaiate.
Um carro parado à beira da estrada, uma loja aberta, uma farmácia com pessoas lá dentro constituem alvos principais para Ussumane tentar mostrar aos clientes a sua máscara, que o próprio diz ser "de boa qualidade".
Ussumane apresenta as máscaras como sendo, "excelentes para matar o vírus", em discursos em crioulo, fula (um dos dialetos da Guiné-Bissau) e francês.
"Muita gente compra, outras pessoas olham, mas não compram, dizem que não têm dinheiro, mas eu insisto", disse, sorridente, Ussumane, que num dia bom chega a vender entre 10 a 15 peças das pequenas máscaras.
Sobre o facto de vender as máscaras sem se preocupar com as condições de higiene, Ussumane respondeu que "não há problema, ela protege do vírus".
O vendedor não sabe até quando durará o novo negócio das máscaras, mas logo que termine a pandemia de covid-19, sabe que irá retomar a sua atividade de venda de cuecas para senhoras, até porque tem uma clientela fiel, notou.
Questionado sobre se tem vendido máscaras às clientes das cuecas, Ussumane riu e disse que isso é segredo de negócio.
Com o aumento de casos de infeção pela covid-19 na Guiné-Bissau e com as autoridades sanitárias a defenderem o uso das máscaras nos lugares públicos, nos últimos dias é notório o aumento da venda daquelas peças, mas feitas de panos africanos, nas ruas de Bissau.
O Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES) da Guiné-Bissau aumentou hoje para 413 o número de casos registados com covid-19 no país, incluindo um morto e 19 curados.
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, prolongou, pela segunda vez, o estado de emergência no país até 11 de maio.
No âmbito do combate à pandemia, as autoridades guineenses encerraram também as fronteiras, serviços não essenciais, incluindo restaures, bares e discotecas e locais de culto religioso, proibiram a circulação de transportes urbanos e interurbanos e limitaram a circulação de pessoas ao período entre as 07:00 e as 14:00 horas.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 247 mil mortos e infetou mais de 3,5 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.