Vacina da Pfizer neutraliza variante brasileira em laboratório

por Graça Andrade Ramos - RTP
Reuters

Sangue extraído de pessoas que receberam a segunda dose da vacina da Pfizer neutralizou uma variante do vírus construída com as mesmas mutações da variante brasileira, revelou um artigo publicado segunda-feira no Jornal da Medicina de Nova Inglaterra.

De acordo com o estudo de laboratório, a habilidade de neutralização da vacina foi semelhante ao efeito da vacina numa outra versão menos contagiosa do vírus.

Os investigadores reproduziram igualmente versões semelhantes às variantes inglesa e sul-africana, com resultados diferentes de neutralização, mas todos superiores a 1:40.


Tal como outras variantes, de Inglaterra e da África do Sul, a variante brasileira é caracterizada por uma mutação no gene S. No seu caso, ela desenvolve um pico, P.1, usado pelo coronavírus como uma chave para entrar nas células humanas, o que a torna muito mais contagiosa do que a versão inicial do SARS-CoV-2. Estudos preliminares indicam que a capacidade de contágio do vírus com a variante P.1 é de 1.4 a 2.2 superior a versões anteriores do vírus que circulavam em Manaus, na Amazónia, onde surgiu inicialmente.

O vírus com a P.1 tem também uma capacidade calculada entre 25 e 61 por cento de contornar a imunidade desenvolvida por anteriores infeções com o SARS-CoV-2, de acordo com estudos realizados no Imperial College of London e na Universidade de São Paulo.

No caso da variante da África do Sul percebeu-se que esta última é capaz de reduzir o número de anti-corpos produzidos pela vacina.

O laboratório norte-americano afirma-se confiante de que a sua vacina mantém as capacidades neutralizadoras contra a variante sul-africana, mas está a estudar a possibilidade de testar a eficácia de uma terceira dose, assim como uma nova versão talhada especificamente contra a variante, de forma a entender melhor a resposta imunitária.
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