Vandalismo deixa sem eletricidade 300 mil famílias angolanas em duas províncias
A vandalização de uma torre de alta tensão em Angola deixou sem eletricidade 300 mil famílias nas províncias do Cuanza Sul e Benguela, com prejuízos de 50 milhões de dólares (45,2 milhões de euros), avançou hoje o Governo.
O ato de vandalismo foi registado terça-feira no Cuanza Sul e foi causado pela remoção de parafusos e cantoneiras da referida infraestrutura.
Em declarações à imprensa, o ministro da Energia e Águas de Angola, João Baptista Borges, lamentou o sucedido, frisando que centenas de milhares de famílias nestas duas regiões estão sem energia desde a tarde de terça-feira.
"Estamos a fazer tudo para que hoje até ao final do dia tenhamos já normalizado o abastecimento de energia a Benguela e também de água, porque com a falta de energia temos o sistema de tratamento de água parado", referiu o ministro, que se encontra em Benguela, em declarações à Televisão Pública de Angola.
João Baptista Borges disse que o problema da vandalização vem sendo denunciado há vários anos, com "manifestações de preocupação por parte do Executivo".
"Creio que hoje há uma noção também por parte da população daquilo que têm sido os prejuízos que são causados aos bens públicos, e neste caso estamos a falar dos sistemas de transporte e distribuição de energia, investimentos que são bastante caros e que temos estado a sofrer as consequências desses atos", referiu.
O governante angolano salientou até este momento foram calculadas perdas financeiras de mais de 50 milhões de dólares, no que se refere ao investimento necessário para a reposição dos danos causados.
A ENDE - Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade condenou a ação praticada por indivíduos ainda não identificados, "considerando como um ato de sabotagem, por ser recorrente, causando constrangimentos na distribuição de eletricidade, comprometendo a segurança, bem-estar das famílias e estabilidade do sistema elétrico, gerando elevados prejuízos para a empresa".
"Portanto, a ENDE apela à população maior colaboração, denunciando às autoridades qualquer movimento suspeito junto das infraestruturas, bem como garante estar em curso trabalhos para a reposição dos serviços", refere-se na nota, acrescentando que "só em novembro foram registadas várias ocorrências vandalismo de Alta e Média Tensão nas província do Bengo, Benguela, Luanda e Cunene".
Há vários anos, Angola é confrontada com o fenómeno da vandalização de bens públicos, que tem afetado os setores da água, energia, com o furto de cabos, de parafusos, cantoneiras, tampas de sarjetas, entre outros, que alegadamente sustentam o negócio da venda a peso de material ferroso, causando avultados prejuízos ao Estado.
Este ano, a Assembleia Nacional aprovou a Lei dos Crimes de Vandalismo de Bens e Serviços Públicos, cuja pena máxima atinge os 25 anos de prisão.