Mundo
Vários candidatos ao trono pontifício sem favoritismo claro
Depois de dois papas centro-europeus, especula-se sobre a oportunidade de voltar a ser eleito um papa italiano. Outros comentários consideram que seria a vez de ser promovido ao posto cimeiro da Igreja um cardeal africano. E há também quem vislumbre uma chance para candidatos da América Latina ou da Insulíndia. No labirinto que conduz ao conclave da eleição qualquer aposta seria arriscada.
O grupo dos cardeais italianos, que constituem com 25 por cento a mais importante minoria do conclave, teria só por esse facto fortes possibilidades de fazer eleger um dos seus para o trono de S. Pedro. E sempre pode alegar que desse modo se retomaria uma longa tradição de papas italianos, interrompida por três décadas e dois papas centro-europeus - o polaco Wojtila e o alemão Ratzinger, respectivamente papas João Paulo II e Bento XVI.
Cardeais italianos entre Monti e Berlusconi Entre os "papáveis" italianos avulta naturalmente a personalidade do secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, que tem vindo a posicionar-se para uma possível eleição. O cardeal, cooptado para uma segunda comissão de serviço na Cúria romana pelo papa cessante, é considerado em The Economist como uma espécie de outsider, que, também por esse facto, suscita ressentimentos vários entre a corte mais sedentária do Vaticano.
Mas essa origem não o impede de ter, nomeadamente, estado na origem do afastamento do chefe do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, nem de ter colocado um dos seus patrícios piemonteses à do Tesouro do Vaticano, um outro à cabeça do mesmo Banco do Vaticano, e outro ainda no cargo de governador do Estado da Cidade do Vaticano. E os três receberam já em fevereiro a púrpura cardinalícia que os habilita a elegerem o sucessor de São Pedro.
Outro "papável" italiano seria o arcebispo de Milão, Angelo Scola - um homem da confiança de Bento XVI, com fama de rígido e conservador. Scola tem prestígio como teólogo, embora lhe faltem qualidades de pedagogo e divulgador.
Cardeais italianos "papáveis"
Tarcisio Bertone
Angelo Scola
Gianfranco Ravasi
Angelo Bagnasco
Outro candidato possível é o presidente do Conselho da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi. Goza, como o papa demissionário, da fama de bem relacionado com o judaísmo nas suas várias vertentes. Seria uma hipótese forte se a aposta do próximo pontificado fosse pelo diálogo interreligioso e pelo ecumenismo.
Há, enfim, a alternativa Angelo Bagnasco, arcebispo de Génova, conhecido como pregador talentoso e político empenhado na pugna eleitoral italiana. Bagnasco apoia a campanha de Monti, o que já lhe tem trazido dissabores com Bertone, indefectivel admirador de Berlusconi.
Composição do Conclave
Europa - 62 cardeais
Dos quais: Itália - 28
Alemanha - 6
Espanha - 5
Polónia - 4
França - 4
América do Sul - 21
América do Norte - 14
Ásia e África - 11
Oceânia - 1
Com esta profusão de candidatos, torna-se evidente um problema que pode obstar decisivamente à eleição de um papa italiano: os cardeais transalpinos estão fortemente divididos entre várias capelas, que poderiam anular o efeito da nacionalidade comum. E outros sinais da política vaticana apontam para a eleição de um papa de diferente origem.
Outros "papáveis" europeus são o francês Jean-Louis Tauran ou o austríaco Christoph von Schönborn.
A hipótese de um papa não europeu A Igreja católica africana tem esperado pelo seu papa muito mais tempo do que os 30 anos de interregno tão amargamente ressentidos pela homóloga italiana - desde sempre. Nunca houve um papa negro e em cada eleição especula-se que poderá ser nesta. A eleição de 2013 será, em todo o caso, a primeira ocorrida depois de se ter quebrado o monopólio branco e caucasiano na ocupação da Casa Branca.
Os "papáveis" africanos mais mencionados são o guineense (da Guiné-Conackri) Robert Sarah, o nigeriano Francis Arinze e sobretudo o ganense Peter Turkson. Julga-se que Bento XVI estaria a referir-se a Turkson quando uma vez considerou "uma ideia interessante", essa de eleger "um papa de cor".
Em todo o caso, o papa cessante aprecia a poliglotia de Turkson, que inclui o domínio do hebraico, e foi ao ponto de nomeá-lo para chefiar o Conselho para a Paz e a Justiça.
Outras alternativas do chamado "Terceiro Mundo" são o cardeal de Manila, Luis Antonio Tagle, o arcebispo de São Paulo, Pedro Odilo Scherer e o arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio.
Admite-se também a eventualidade da eleição do cardeal canadiano Marc Ouellet, que poderia ser um candidato comum dos cardeais latino-americanos e norte-americanos. Dos Estados Unidos parece pouco provável que venha o próximo papa, porque a Igreja católica desse país já se considera muito poderosa - alguns diriam demasiado -, mesmo sem ter nenhum dos seus representantes no trono de S. Pedro.
Cardeais italianos entre Monti e Berlusconi Entre os "papáveis" italianos avulta naturalmente a personalidade do secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, que tem vindo a posicionar-se para uma possível eleição. O cardeal, cooptado para uma segunda comissão de serviço na Cúria romana pelo papa cessante, é considerado em The Economist como uma espécie de outsider, que, também por esse facto, suscita ressentimentos vários entre a corte mais sedentária do Vaticano.
Mas essa origem não o impede de ter, nomeadamente, estado na origem do afastamento do chefe do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, nem de ter colocado um dos seus patrícios piemonteses à do Tesouro do Vaticano, um outro à cabeça do mesmo Banco do Vaticano, e outro ainda no cargo de governador do Estado da Cidade do Vaticano. E os três receberam já em fevereiro a púrpura cardinalícia que os habilita a elegerem o sucessor de São Pedro.
Outro "papável" italiano seria o arcebispo de Milão, Angelo Scola - um homem da confiança de Bento XVI, com fama de rígido e conservador. Scola tem prestígio como teólogo, embora lhe faltem qualidades de pedagogo e divulgador.
Cardeais italianos "papáveis"
Tarcisio Bertone
Angelo Scola
Gianfranco Ravasi
Angelo Bagnasco
Outro candidato possível é o presidente do Conselho da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi. Goza, como o papa demissionário, da fama de bem relacionado com o judaísmo nas suas várias vertentes. Seria uma hipótese forte se a aposta do próximo pontificado fosse pelo diálogo interreligioso e pelo ecumenismo.
Há, enfim, a alternativa Angelo Bagnasco, arcebispo de Génova, conhecido como pregador talentoso e político empenhado na pugna eleitoral italiana. Bagnasco apoia a campanha de Monti, o que já lhe tem trazido dissabores com Bertone, indefectivel admirador de Berlusconi.
Composição do Conclave
Europa - 62 cardeais
Dos quais: Itália - 28
Alemanha - 6
Espanha - 5
Polónia - 4
França - 4
América do Sul - 21
América do Norte - 14
Ásia e África - 11
Oceânia - 1
Com esta profusão de candidatos, torna-se evidente um problema que pode obstar decisivamente à eleição de um papa italiano: os cardeais transalpinos estão fortemente divididos entre várias capelas, que poderiam anular o efeito da nacionalidade comum. E outros sinais da política vaticana apontam para a eleição de um papa de diferente origem.
Outros "papáveis" europeus são o francês Jean-Louis Tauran ou o austríaco Christoph von Schönborn.
A hipótese de um papa não europeu A Igreja católica africana tem esperado pelo seu papa muito mais tempo do que os 30 anos de interregno tão amargamente ressentidos pela homóloga italiana - desde sempre. Nunca houve um papa negro e em cada eleição especula-se que poderá ser nesta. A eleição de 2013 será, em todo o caso, a primeira ocorrida depois de se ter quebrado o monopólio branco e caucasiano na ocupação da Casa Branca.
Os "papáveis" africanos mais mencionados são o guineense (da Guiné-Conackri) Robert Sarah, o nigeriano Francis Arinze e sobretudo o ganense Peter Turkson. Julga-se que Bento XVI estaria a referir-se a Turkson quando uma vez considerou "uma ideia interessante", essa de eleger "um papa de cor".
Em todo o caso, o papa cessante aprecia a poliglotia de Turkson, que inclui o domínio do hebraico, e foi ao ponto de nomeá-lo para chefiar o Conselho para a Paz e a Justiça.
Outras alternativas do chamado "Terceiro Mundo" são o cardeal de Manila, Luis Antonio Tagle, o arcebispo de São Paulo, Pedro Odilo Scherer e o arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio.
Admite-se também a eventualidade da eleição do cardeal canadiano Marc Ouellet, que poderia ser um candidato comum dos cardeais latino-americanos e norte-americanos. Dos Estados Unidos parece pouco provável que venha o próximo papa, porque a Igreja católica desse país já se considera muito poderosa - alguns diriam demasiado -, mesmo sem ter nenhum dos seus representantes no trono de S. Pedro.