Vaticano apela para a união dos católicos em Cabinda
O Vaticano apelou para a união dos católicos de Cabinda de forma a normalizar a vida religiosa naquele enclave do norte de Angola, onde se aguarda há mais de um ano pela posse do novo bispo nomeado para a diocese.
Numa carta endereçada ao padre Milan Zednichek, novo administrador apostólico da diocese, o Vaticano convida "os sacerdotes, religiosos e leigos da diocese de Cabinda a caminharem na unidade e na comunhão sob a paterna autoridade do seu legítimo pastor".
"Apenas na unidade, o Senhor abençoará os esforços e os sacrifícios daqueles que se esforçam por caminhar nas vias do evangelho, no autêntico serviço do povo de Deus e dos homens de boa vontade de Cabinda", acrescenta.
A carta, hoje divulgada em Luanda pela Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST), é assinada pelo cardeal Crescenzio Sepe, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos.
Neste documento, dirigido ao novo administrador apostólico da diocese, o cardeal Crescenzio Sepe considera que a decisão do Papa João Paulo II de nomear D. Filomeno Vieira Dias para Bispo de Cabinda representou "um acto de grande caridade e solicitude pastoral para com a diocese".
"A Igreja de Cabinda deverá sempre empenhar-se em viver como igreja particular na plena comunhão com a igreja universal, já que nesta está presente a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica", refere a carta.
O Papa João Paulo II nomeou a 11 de Fevereiro de 2005 D.
Filomeno Vieira Dias, então Bispo Auxiliar de Luanda, para o cargo de Bispo de Cabinda, em substituição de D. Paulino Madeca, que resignou por ter atingido o limite de idade.
Esta nomeação gerou fortes protestos entre a comunidade católica do enclave, que rejeita a nomeação de um bispo que não seja natural de Cabinda, o que inviabilizou até agora a posse do novo responsável pela diocese.
Nos meses seguintes à nomeação do bispo registaram-se vários incidentes com responsáveis da hierarquia da Igreja Católica que se deslocaram a Cabinda para tentar resolver o impasse, culminando em finais de Julho com uma agressão a D. Eugénio del Corso, na altura administrador apostólico da diocese, que foi impedido de celebrar missa na Igreja Paroquial da Imaculada Conceição.
Na sequência desta agressão, ocorrida na sacristia da igreja, o Núncio Apostólico em Angola decidiu encerrar a Igreja da Imaculada Conceição e suspender alguns membros do clero local.
Na resposta, os sacerdotes decidiram suspender a celebração de missas no território, situação que se manteve até ao início de Dezembro, altura em que foi alcançado um acordo que permitiu reabrir as igrejas do enclave para a celebração de cerimónias eucarísticas.
Apesar deste acordo, que permitiu uma relativa normalização da vida religiosa no enclave, as divergências quanto ao novo bispo mantêm- se, pelo que a tomada de posse de D. Filomeno Vieira Dias continua sem data marcada, mais de um ano depois de ter sido nomeado para a Diocese de Cabinda.