Vaticano descobre centenas de milhões de euros em contas ocultas

por RTP
Alessandro Bianchi, Reuters

O Vaticano descobriu centenas de milhões de euros que eram mantidos ocultos das contas oficiais do Vaticano. A revelação foi feita pelo próprio líder da Secretaria de Economia da Santa Sé.

Para lá da falta de transparência das finanças da Santa Sé que a notícia evidencia, a descoberta até é apresentada como uma boa nova pelo cardeal. Afinal, tudo indica que a situação económica do Vaticano é melhor do que se pensava.

“É importante realçar que o Vaticano não está falido”, escreve o cardeal num texto publicado no Catholic Herald.

“Descobrimos que a situação é muito melhor do que parecia, porque centenas de milhões de euros estavam ocultos em contas particulares e não apareciam nos balanços oficiais”, explica George Pell.

O cardeal, responsável pela Secretaria da Economia, não explica de que forma o Vaticano regularizou estes montantes, nem os motivos ou os mecanismos usados para manter estas contas fora do controlo do Vaticano.

O arcebispo admite que pessoas “sem escrúpulos” se terão aproveitado do que considera ser a “ingenuidade financeira” do Vaticano para fazer lavagem de dinheiro. Mesmo assim, o responsável católico prefere enfatizar a independência e o sigilo de algumas organizações católicas para explicar o fenómeno.Para o El País, fica claro que só agora, perante as reformas iniciadas pelo papa Francisco, é que algumas contas do Vaticano saíram do mundo oculto.

“As distintas famílias das Igreja são mais zelosas do sigilo bancário do que do de confissão”, escreve mesmo o jornal espanhol.


“As congregações, os conselhos pontifícios e especialmente a Secretaria de Estado beneficiavam e defendiam a sua independência. Os problemas eram discutidos em casa e eram poucos os que tinham a tentação de contar ao mundo o que se passava”, escreveu no recém-criado Catholic Herald.

Segundo George Pell, só quando estas organizações necessitavam de ajuda é que as contas eram tornadas públicas, uma situação que, conta o cardeal, os reformadores estão a tentar alterar.

Já este ano, o papa Francisco criou a Secretaria de Economia para reformar o sistema financeiro da Santa Sé. A instância, presidida pelo cardeal Pell, será responsável pela fiscalização e reordenamento de todas as atividades da Santa Sé e do Estado do Vaticano. 
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