Venezuela: Assembleia Constituinte estende mandato de seis meses a dois anos

por RTP
Carlos Garcia Rawlins - Reuters

A Assembleia Constituinte aprovou por "aclamação", na sua primeira sessão de trabalhos, uma proposta do Partido Socialista Unido da Venezuela, no Governo, para estender de seis meses para dois anos o tempo do seu próprio mandato.

Nas bases para a eleição da Assembleia Constituinte (AC) “o companheiro Presidente Nicolás Maduro indicou que se adotariam os estatutos da AC de 1999 (que estabelece seis meses de duração máxima), até que fosse estabelecido um estatuto próprio. Poderíamos fazer o trabalho num mês, mas queremos propor que o funcionamento se prolongue até dois anos", disse Diosdado Cabello, vice-presidente do PSUV.

A proposta foi aprovada, mas a Assembleia cessará, segundo Cabello, ao fim de dois anos de funcionamento "sempre e quando tenha cumprido com as tarefas encomendadas, as funções para a qual foi designada".

Por outro lado, propôs que este órgão, instalado no Salão Elíptico do Palácio Federal Legislativo, tome todos os espaços daquele edifício, onde funciona a Assembleia Nacional (parlamento), com maioria da oposição e que os socialistas já advertiram poderá ser dissolvida.

Durante a sessão, a ex-ministra Venezuela das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, foi designada, por unanimidade, como presidente da "Comissão da Verdade" que investigará a violência ocorrida durante os protestos que desde abril último se intensificaram no país e durante os quais já morreram mais de 120 pessoas.

A designação tem por base um pedido do Presidente Nicolás Maduro, para que a AC avance com um projeto de lei constitucional para a verdade, justiça e paz, para "compensar" as vítimas da violência no país.Procuradora-geral demitida
A nova Assembleia Constituinte da Venezuela, dotada de poderes ilimitados, demitiu hoje das suas funções a procuradora-geral Luisa Ortega, que se tornou numa das principais opositoras ao Presidente Nicolás Maduro.

A procuradora tinha previamente indicado que unidades da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) tinham tomado posição em trono do edifício da procuradoria-geral no centro de Caracas, impedindo-a de ter acesso ao seu gabinete e prometeu continuar a “lutar pela liberdade e democracia na Venezuela”.

Designada procuradora-geral em 2007 pelo falecido presidente Hugo Chávez, Ortega tornou-se na principal figura institucional a desafiar o seu sucessor, Nicolás Maduro e denunciou uma rutura da ordem constitucional com a eleição em 30 de julho da Assembleia Constituinte que detém todos os poderes.

Na sexta-feira, a procuradora-geral tinha pedido à justiça a anulação da sessão inaugural deste novo órgão legislativo.

O gabinete de Ortega explicou que este pedido se baseava na “presumível existência de delitos durante o processo eleitoral” de 30 de julho.

A procuradoria-geral abriu um inquérito na quarta-feira, após as revelações da empresa britânica SmartMatic, responsável pelas operações de voto, que considerou “manipulados” os números oficias sobre a participação.

Segundo esta empresa, a diferença entre a participação real e a anunciada pelas autoridades é “pelo menos de um milhão de votos”.

Um dia após o escrutínio, Maduro ameaçou “tomar o mandato” da procuradora-geral, que tinha denunciado “uma ambição ditatorial”.

C/Lusa
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