O presidente da Câmara Municipal de Sucre, no Estado de Yaracuy, Venezuela, ordenou a colocação de cartazes a identificar as casas das pessoas que testaram positivo à covid-19, denunciou a oposição venezuelana.
A denúncia foi feita através de um vídeo divulgado na rede social Twitter onde Humberto Prado sublinhou que o militante do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) está ainda "ameaçando as pessoas que retirem os cartazes de que lhes eliminará o benefício" de receber as "bolsas de alimentos", a preços subsidiados pelo estado.
"Apelamos aos organismos internacionais, ao escritório da Alta Comissária (da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet) e à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos que documentem este tipo de atitude e conduta dos funcionários que representam o regime nas diferentes entidades do país", escreveu.
Entretanto, através do Twitter, foi divulgado um vídeo, onde aparece um indivíduo com máscara, cobrindo o nariz e a boca, e que poderia ser o político venezuelano, apontando para um cartaz e explicando que será colocado "em todas as casas onde haja um paciente com a covid-19".
No cartaz, de fundo branco com um círculo vermelho com uma linha diagonal no centro, parecido aos que indicam uma proibição aos motoristas de viaturas, é possível ler a mensagem: "Família em quarentena preventiva. Não se aceitam visitas".
"Alerta pois. Cuidemo-nos em saúde. A consciência é a melhor vacina para a covid", diz o indivíduo no vídeo.
O Ministério Público venezuelano já reagiu à denúncia e anunciou que iniciou uma investigação contra o político venezuelano e que ordenou que os cartazes sejam retirados.
Na Venezuela estão oficialmente confirmados 169.074 casos de covid-19. Há ainda 1.693 mortes associadas ao novo coronavírus, desde o início da pandemia.
O país recebeu meio milhão de doses de vacinas da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm e 150 mil doses da vacina russa Sputnik V.
De acordo com a Academia de Medicina da Venezuela, o país necessita de 30 milhões de vacinas para 15 milhões de pessoas, 3,5 milhões das quais para pessoal prioritário.