Venezuela: Conselho Nacional Eleitoral vai impor ações legais contra empresa

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) anunciou esta quarta-feira que vai iniciar ações legais contra a empresa Smartmatic, responsável pela contagem dos votos do escrutínio, por dar informações "sem fundamento" sobre os resultados das eleições de domingo.

Lusa /
Marco Bello - Reuters

"As declarações da Smartmatic representam uma opinião sem precedentes de uma empresa cujo único papel é fornecer alguns serviços e suporte técnico, que não são determinantes para os resultados", disse a presente do CNE.
 
Durante uma conferência de imprensa na sede daquele organismo, em Caracas, Tibisay Lucena, sublinhou que a revelação da SmartMatic, foi dado "num contexto de agressão permanente iniciado desde há duas semanas contra o poder eleitoral venezuelano e que inclui as sanções do Governo norte-americano contra si".
 
"A Smartmatic participou em todas as auditorias. As declarações de Mujica (António, diretor-executivo da Smartmatic) não têm fundamento", respondeu, questionando que as suas declarações tenham ocorrido três dias depois das eleições e quando faltam poucas horas para a instalação da Assembleia Constituinte.
 
Por outro lado, acusou a Smartmatic de irresponsabilidade e precisou que "não é uma empresa privada, radicada fora do país a que garante a credibilidade do sistema eleitoral venezuelano".
 
"O sistema tem uma arquitetura de segurança que deixa a validação nas mãos do cidadão", frisou, vincando que o CNE tem o direito de avançar com ações legais contra a Smartmatic.
Dados "manipulados"
Hoje o diretor-executivo da SmartMatic, António Mujica, denunciou, durante uma conferência de imprensa na cidade de Londres, que foram "manipulados" os dados da participação nas eleições para a Assembleia Constituinte, realizada domingo na Venezuela.
 
"Com base na robustez do nosso método, sabemos, sem qualquer dúvida, que [os números da] a afluência às urnas na recente eleição para a Assembleia Constituinte Nacional foi manipulada", disse.
 
Por outro lado, indicou que "a diferença entre a participação real e a anunciada pelas autoridades é de pelo menos um milhão de votos".
 
Segundo as autoridades venezuelanas, mais de oito milhões de eleitores, cerca de 41,5% dos eleitores inscritos, participaram no escrutínio de domingo.
 
A eleição foi boicotada pela oposição venezuelana, que alega que o ato eleitoral é um caminho para prolongar o poder do Presidente venezuelano, Nicolas Maduro, cujo mandato termina em 2019.
 
Desde 2004 que a SmartMatic participa na organização de eleições na Venezuela cujo "sistema eleitoral automatizado", desenvolvido pela empresa foi projetado para "identificar qualquer manipulação de resultados", segundo António Mujica.
PUB