Venezuela: Óscar Pérez morreu em operação policial

por RTP
EPA

Sete mortos e cinco feridos é o saldo da operação policial conduzida na Venezuela para capturar um ex-polícia rebelde, responsável pelo ataque em junho de 2017 a instituições do Estado, anunciou o Ministério do Interior e Justiça venezuelano. Entre os mortos está Óscar Pérez que em junho de 2017 disparou, a partir de um helicóptero, vários tiros contra o Ministério do Interior e Justiça.

Dos sete mortos, dois são polícias e os restantes integravam o grupo armado liderado por Óscar Pérez. Os cinco feridos são polícias.

Em comunicado, o Ministério do Interior e Justiça anunciou ter “capturado um perigoso grupo terrorista”.

“Estes terroristas, que estavam fortemente apetrechados com armamento de alto calibre, dispararam contra os agentes e tentaram fazer detonar una viatura carregada de explosivos, com o saldo lamentável de dois agentes da Polícia Nacional Bolivariana falecidos e cinco gravemente feridos”, acrescenta o comunicado.

No comunicado acrescenta-se que os agentes foram atacados quando negociavam as condições para a rendição do ex-polícia, mas não há informações sobre Óscar Pérez.

Segundo o MIJ, a operação de hoje impediu que o grupo realizasse vários crimes terroristas, entre eles a explosão de carros-bomba em locais públicos.

Durante a operação, que durou várias horas, o ex-polícia divulgou vários vídeos através das redes sociais, com parte das conversações com as forças de segurança e a alertar de que havia civis no lugar.

Num dos vídeos, Óscar Pérez aparece ensanguentado e ouvem-se explosões que se acredita resultarem do rebentamento de granadas.
Luta contra o regime
No passado dia 27 de junho de 2017, Óscar Pérez, usando um helicóptero do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária), disparou vários tiros contra a sede do MIJ e arremessou quatro granadas contra o Supremo Tribunal de Justiça, que não causaram vítimas.

Depois divulgou um vídeo a anunciar uma nova fase de luta contra o regime e instando os venezuelanos a declararem-se em desobediência civil contra o Estado.

A 18 de dezembro último o piloto liderou um grupo de 49 homens, que assaltou um comando da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), de onde roubaram armas e munições e manietaram vários oficiais, em Laguneta de La Montaña, a sul de Caracas.

“Deus e Jesus Cristo deu-nos já uma vitória, a operação Génese, uma operação tática, impecável em que continuaremos a recuperar as armas do povo para o povo", escreveu depois Óscar Pérez na sua conta na rede social Twitter.

O ex-inspetor do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária), juntou, na altura, um vídeo da operação à mensagem, na qual invoca a Constituição para justificar o seu ato.

Durante o assaltou foram subtraídas 26 espingardas automáticas modelo Ak-103, com 108 carregadores e 3.240 munições, três pistolas de 9 mm PGP, com os respetivos carregadores e 67 munições.

Os assaltantes escreveram numa das paredes a mensagem "liberdade 350", fazendo alusão ao artigo da Constituição da Venezuela que permite que os cidadãos se declarem em desobediência à autoridade, quando esta viole os direitos humanos.Oposição pede investigação
Organizações de direitos humanos e a oposição venezuelana condenaram a operação da polícia venezuelana que desmantelou o grupo liderado por Óscar Pérez. Os ativistas pedem uma investigação transparente.

Antonio Ledezma, ex-presidente da câmara de caracas e líder da oposição, que se encontra no exílio, afirmou que a execução de Óscar Pérez foi ordenada por Nicólas Maduro.

“Óscar Pérez foi executado por ordens de Maduro. Peço ao povo que, em homenagem a estes mártires, não desista da luta”, apelou.

Com Lusa
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