Viagem de Tsai à América. Taiwan a postos para eventuais movimentações da China

por Cristina Sambado - RTP
A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, fará duas escalas nos Estados Unidos: Nova Iorque e Los Angeles Ritchie B. Tongo - EPA

Taiwan tem planos de contingência para qualquer movimentação da China durante a visita da presidente à América Central e Estados Unidos, assinalou nas últimas horas o vice-ministro taiwanês da Defesa, antes da partida de Tsai Ing-wen.

O vice-ministro da Defesa Po Horng-huei acrescentou que é provável que a China encene exercícios enquanto Tsai estiver no estrangeiro.

Durante a visita da presidente ao estrangeiro, o Ministério da Defesa tem planos de contingência para todas as movimentações da China”, acrescentou Po.

Tsai Ing-wen, que vai visitar a Guatemala e o Belize na próxima semana, fará duas escalas nos EUA: Nova Iorque e Los Angeles.Pequim realizou exercícios em grande escala em redor de Taiwan em agosto, depois de uma visita a Taiwan da então presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi.


Para já, não está confirmado se Tsai se vai encontrar com o atual presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, na sua escala em Los Angeles.


Os Estados Unidos consideram que não há razão para a China reagir à viagem de Tsai, afirmando que essas escalas são frequentes.

Pequim, que já condenou a paragem de Tsai nos EUA, manteve as atividades militares em torno de Taiwan desde agosto, numa escala mais reduzida.

Tsai Ing-wen vai partir de Taiwan a 29 de março para uma viagem de dez dias.


Belize e Guatemala estão entre os 14 países que reconheceram oficialmente a independência de Taiwan face à China, embora o este número possa cair para 13, porque as Honduras pretendem estabelecer relações oficiais com Pequim, abandonando Taipé.

A presidente taiwanesa deve encontrar-se com o seu homólogo guatemalteco, Alejandro Giammattei, e com o primeiro-ministro de Belize, John Briceno.

A mudança de atitude das Honduras – que resultou no rompimento dos laços oficiais de longa data com Taiwan – aconteceu após as negociações entre o país da América Latina e a China sobre a construção de uma barragem hidroelétrica.

Também a Nicarágua, El Salvador, Panamá, República Dominicana e Costa Rica alteraram o reconhecimento diplomático para Pequim nos últimos anos.

A América Latina tem sido um campo de batalha diplomática fundamental para a China e Taiwan desde a divisão dos dois países em 1949, após uma guerra civil.
Reação de Pequim e de Washington
Na terça-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, reiterou a oposição de Pequim à viagem da presidente taiwanesa aos EUA.

“Opomo-nos fortemente a qualquer intercâmbio entre Washington e Taipé. A China já fez diligências junto dos EUA a esse respeito”, acrescentou.

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, minimizou o significado das escalas de Tsai e acrescentou que era normal que dignatários de Taiwan se encontrassem com membros do Congresso ou participassem em eventos públicos nos EUA.

“Os trânsitos são tomados em consideração pela segurança, conforto, convivência e dignidade do passageiro e são coerentes com a nossa política One China que se mantém inalterada”, sublinhou.

Washington é um dos principais aliados de Taiwan e o seu maior fornecedor de armas.
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