Mundo
Vice-cônsul em Fortaleza ainda acredita que é possível salvar a Praça Portugal
Francisco Brandão admite que ficou desiludido com a forma como foi tomada a decisão de arquivar o pedido de reconhecimento da infraestrutura como património estadual.
“Acreditámos sempre que no Conselho Municipal e no Conselho Estadual a votação se inclinava para o reconhecimento como património e este volte-face muito nos desiludiu pela forma como decorreu. A Embaixada [de Portugal em Brasília] acompanha este processo em todos os momentos”, refere o vice-cônsul ao online da RTP.
Esta reação surge depois de na passada semana ter sido rejeitada a proposta de abrir um processo de estudos com vista ao reconhecimento da Praça Portugal pelo Conselho Estadual de Património Cultural do Ceará (Coepa), o que significa que a Prefeitura de Fortaleza tem o caminho aberto para avançar com obras no local. A Praça Portugal – inaugurada em 1947 – funciona como uma rotunda e tem no centro uma esfera armilar. A 7 de março de 2014, a Prefeitura de Fortaleza anunciou que iria substituir a rotunda por um cruzamento das duas grandes avenidas Dom Luís e Desembargador Moreira. Nos cantos passariam a estar quatro praças retangulares menores.
Os defensores da Praça Portugal contestam a votação, visto que ocorreu poucos dias depois de o governador do Ceará, Camilo Santana, - que é tido como aliado da Prefeitura - ter feito uma alteração profunda na composição do Coepa.
Quatro representantes foram substituídos e foram nomeados seis novos membros para o órgão, o que se terá refletido na votação em causa. O online da RTP aguarda desde a passada quinta-feira por uma reação do governador do Ceará quanto a esta polémica.
Nome de Portugal associado à praça
O projeto foi desde o início amplamente contestado e o Vice-Consulado de Portugal tem sido uma das vozes mais ativas na defesa da Praça Portugal e da esfera armilar.
Questionado pelo online da RTP se o Vice-Consulado está a ponderar tomar alguma medida para evitar a destruição da rotunda, Francisco Brandão responde lembrando que o seu poder é limitado.
“Sempre que possível sustentaremos a nossa argumentação conjuntamente com a comunidade portuguesa. O nome de Portugal está associado à praça democrática de todas as manifestações, um espaço verde, com um monumento central que homenageia Portugal e Brasil, espaço de referência da cidade.”
O diplomata rebate os argumentos da autarquia para avançar com a destruição da rotunda e lembra os efeitos de outras obras realizadas no local: “Foi alegado o problema de trânsito, mas não se sustentou como se vê pela fluidez agora com o binário. Não vemos necessidade da sua destruição e a nosso ver contribuímos para o comprovar junto com a sociedade civil, que teve uma mobilização sem precedentes.”
“O novo ante projeto do cruzamento com os quatro cantos da Praça foi apresentado à Comissão da Comunidade Portuguesa que não se identificou com ele, e assim não vemos sentido em participar num projeto em que o nome de Portugal ainda está associado, mas com o qual não há identidade.”
O vice-cônsul explica ainda que “para além das funções próprias de cooperação cultural com as autoridades locais, a nossa voz ativa é a convite dessas autoridades”.
“O Vice-Consulado e a Comissão da Comunidade Portuguesa foram expressamente convidados a contribuir para o diálogo e o debate pela Prefeitura com a nomeação de comissão de três membros e participei num debate na Câmara Municipal a convite do atual Secretário Cultural Estadual. Fui inclusivamente convidado pelo senhor prefeito para fazer parte do Conselho da Cidade, o que declinei porque formalmente nem posso ter essas funções.”
Risco de julgamento da História
Francisco Brandão deixa ainda um reparo às autoridades locais. “Portugal e os portugueses são uma matriz incontornável do Ceará e têm contribuído enormemente para o seu desenvolvimento com dedicação e extremos sacrifícios. O momento foi inoportuno, porque não corresponde ao sentimento de intensidade desse relacionamento em que tanto precisamos dessa sinalização por parte das autoridades que nos acolhem.”
Apesar de todos os desenvolvimentos que este processo conheceu ao longo de mais de um ano, o vice-cônsul ainda acredita que é possível evitar a destruição da Praça Portugal, até porque “atenderia ao sentimento expresso pela sociedade civil e evitaria constrangimentos futuros e o risco do julgamento da História”.
“Poder-se-ia ter uma intervenção de fundo, mas nas quatro praças já existentes, fechando as ruas e valorizando-as, e mantendo a praça central que é icónica e irrepetível”, alerta.
A esfera armilar tem sido desde sempre uma das preocupações do Vice-Consulado de Portugal em Fortaleza. “Está inteiramente nas mãos da Prefeitura a forma como tratará o seu património e a história de Fortaleza”, aponta o diplomata.
“O lugar dela é o centro da praça atual. Fizemos uma ampla divulgação da sua importância e esperamos que receba o tratamento digno de gratidão pelo que ela representa para Portugal e para o Brasil”, remata.
Esta reação surge depois de na passada semana ter sido rejeitada a proposta de abrir um processo de estudos com vista ao reconhecimento da Praça Portugal pelo Conselho Estadual de Património Cultural do Ceará (Coepa), o que significa que a Prefeitura de Fortaleza tem o caminho aberto para avançar com obras no local. A Praça Portugal – inaugurada em 1947 – funciona como uma rotunda e tem no centro uma esfera armilar. A 7 de março de 2014, a Prefeitura de Fortaleza anunciou que iria substituir a rotunda por um cruzamento das duas grandes avenidas Dom Luís e Desembargador Moreira. Nos cantos passariam a estar quatro praças retangulares menores.
Os defensores da Praça Portugal contestam a votação, visto que ocorreu poucos dias depois de o governador do Ceará, Camilo Santana, - que é tido como aliado da Prefeitura - ter feito uma alteração profunda na composição do Coepa.
Quatro representantes foram substituídos e foram nomeados seis novos membros para o órgão, o que se terá refletido na votação em causa. O online da RTP aguarda desde a passada quinta-feira por uma reação do governador do Ceará quanto a esta polémica.
Nome de Portugal associado à praça
O projeto foi desde o início amplamente contestado e o Vice-Consulado de Portugal tem sido uma das vozes mais ativas na defesa da Praça Portugal e da esfera armilar.
Questionado pelo online da RTP se o Vice-Consulado está a ponderar tomar alguma medida para evitar a destruição da rotunda, Francisco Brandão responde lembrando que o seu poder é limitado.
“Sempre que possível sustentaremos a nossa argumentação conjuntamente com a comunidade portuguesa. O nome de Portugal está associado à praça democrática de todas as manifestações, um espaço verde, com um monumento central que homenageia Portugal e Brasil, espaço de referência da cidade.”
O diplomata rebate os argumentos da autarquia para avançar com a destruição da rotunda e lembra os efeitos de outras obras realizadas no local: “Foi alegado o problema de trânsito, mas não se sustentou como se vê pela fluidez agora com o binário. Não vemos necessidade da sua destruição e a nosso ver contribuímos para o comprovar junto com a sociedade civil, que teve uma mobilização sem precedentes.”
“O novo ante projeto do cruzamento com os quatro cantos da Praça foi apresentado à Comissão da Comunidade Portuguesa que não se identificou com ele, e assim não vemos sentido em participar num projeto em que o nome de Portugal ainda está associado, mas com o qual não há identidade.”
O vice-cônsul explica ainda que “para além das funções próprias de cooperação cultural com as autoridades locais, a nossa voz ativa é a convite dessas autoridades”.
“O Vice-Consulado e a Comissão da Comunidade Portuguesa foram expressamente convidados a contribuir para o diálogo e o debate pela Prefeitura com a nomeação de comissão de três membros e participei num debate na Câmara Municipal a convite do atual Secretário Cultural Estadual. Fui inclusivamente convidado pelo senhor prefeito para fazer parte do Conselho da Cidade, o que declinei porque formalmente nem posso ter essas funções.”
Risco de julgamento da História
Francisco Brandão deixa ainda um reparo às autoridades locais. “Portugal e os portugueses são uma matriz incontornável do Ceará e têm contribuído enormemente para o seu desenvolvimento com dedicação e extremos sacrifícios. O momento foi inoportuno, porque não corresponde ao sentimento de intensidade desse relacionamento em que tanto precisamos dessa sinalização por parte das autoridades que nos acolhem.”
Apesar de todos os desenvolvimentos que este processo conheceu ao longo de mais de um ano, o vice-cônsul ainda acredita que é possível evitar a destruição da Praça Portugal, até porque “atenderia ao sentimento expresso pela sociedade civil e evitaria constrangimentos futuros e o risco do julgamento da História”.
“Poder-se-ia ter uma intervenção de fundo, mas nas quatro praças já existentes, fechando as ruas e valorizando-as, e mantendo a praça central que é icónica e irrepetível”, alerta.
A esfera armilar tem sido desde sempre uma das preocupações do Vice-Consulado de Portugal em Fortaleza. “Está inteiramente nas mãos da Prefeitura a forma como tratará o seu património e a história de Fortaleza”, aponta o diplomata.
“O lugar dela é o centro da praça atual. Fizemos uma ampla divulgação da sua importância e esperamos que receba o tratamento digno de gratidão pelo que ela representa para Portugal e para o Brasil”, remata.