Vice-presidente do Partido da Renovação Social da Guiné-Bissau recusa suspensão de funções

por Agência LUSA

O primeiro vice-presidente do Partido da Renovação Social (PRS) da Guiné-Bissau, Mamadu Iaia Djaló, recusou acatar a suspensão das suas funções, decidida pela direcção da formação política fundada por Kumba Ialá.

"Não acato a decisão do Conselho Nacional por ser ilegal e sem cabimento, na medida em que não desrespeitei os estatutos. Quem devia ser penalizado é o partido, ou um grupo de dirigentes do partido, que entrou para o Fórum de Convergência para o Desenvolvimento sem consultar os órgãos internos do PRS", disse Iaia Djaló em conferência de imprensa.

Djaló, que também é segundo vice-presidente do parlamento, questionou ainda a forma como o PRS integrou o Governo do Fórum de Convergência para o Desenvolvimento (FCD), liderado por Aristides Gomes, por tal não obedecer aos estatutos do partido.

O Conselho Nacional do PRS, reunido no último fim-de-semana, em Bissau, decidiu suspender Iaia Djaló de todos os cargos no partido, alegadamente, por desrespeitar de forma reiterada a disciplina interna.

Para Iaia, os estatutos do PRS não prevêem qualquer sanção a um militante que se tenha apresentado como candidato independente num acto eleitoral - Iaia candidatou-se às presidenciais de 2005 -, pelo que a decisão "não tem cabimento", disse.

António Artur Sanha anunciou segunda-feira que abandonava o cargo de secretário-geral e, tal como Iaia Djaló, considerou que o PRS tem um "simples papel de figurante" no Fórum, tendo em conta a forma como tem sido tratado nesse espaço criado por formações políticas e personalidades que apoiaram a eleição de João Bernardo "Nino" Vieira nas presidenciais de 2005.

O PRS debate-se também com outra crise relacionada com o regresso de Kumba Ialá, que foi Presidente da Guiné-Bissau entre Fevereiro de 2000 e Setembro de 2003, à direcção do partido.

A actual direcção de Alberto Nambeia entende que Kumba Ialá não deve voltar a liderar o PRS, por ter já atingido "outros patamares" com a chefia do Estado.

Os seus partidários, agrupados no chamado Movimento Kumba de Intervenção Política (MKIP) pedem o seu regresso à liderança a "todo o custo".

Em comunicado hoje emitido, em Bissau, o MKIP acusa Ibraima Sory Djaló, que já se posicionou como candidato à liderança no Congresso do PRS marcado para Novembro próximo, de falta de condições para assumir a presidência do partido.

Kumba Ialá está em Marrocos há oito meses, mas ainda não disse o que pensa sobre a "guerra" que se vive no partido por ele fundado em 1992.


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