Vietname quer sarar últimas feridas de guerra 30 anos depois

O primeiro-ministro vietnamita manifestou hoje a vontade do seu país de sarar as últimas feridas da guerra, no seio da sociedade e com os seus antigos inimigos estrangeiros, na véspera do trigésimo aniversário da "libertação de Saigão".

Agência LUSA /

"Queremos desenvolver relações amigáveis para reforçar os laços com os países que participaram na guerra do Vietname", declarou Phan Van Khai perante os mais altos responsáveis vietnamitas reunidos durante duas horas no palácio Ba Dihn, no centro da capital.

"Nós encerrámos o passado e olhamos para o futuro com respeito pelas pessoas que estiveram do outro lado, quer dentro quer fora do país", acrescentou, na inauguração oficial das celebrações do trigésimo aniversário do fim da guerra do Vietname.

Phan não fez qualquer referência às centenas de milhares de refugiados que fugiram do país antes ou na altura da queda de Saigão, por medo de represálias do novo regime.

Também não se referiu às famílias do sul do país, cujas crianças o exército do regime de Saigão matou e que, durante muitos anos, foram tratadas como derrotadas.

Phan convidou claramente todo o país a ultrapassar as suas diferenças e prestou homenagem aos países comunistas que ajudaram na vitória sobre o Vietname do sul.

"O povo, o governo e o partido do Vietname querem agradecer à China, à antiga União Soviética e aos países irmãos que nos apoiaram nesta luta", destacou.

"A guerra acabou há 30 anos. É preciso que cada vietnamita, quer se encontre no Vietname ou no estrangeiro, faça prevalecer o espírito da reconciliação nacional para contribuir para o desenvolvimento do país", insistiu o chefe de governo.

Cerimónias solenes estão previstas para sábado na cidade de Ho Chi Minh, a capital económica do sul, para festejar a "libertação" da cidade, então designada Saigão, às mãos das forças comunistas, a 30 de Abril de 1975.

O ex-primeiro-ministro Duo Muoi, os actuais dirigentes do país e o lendário general Vo Nguyen Giap assistirão às cerimónias.

A tomada da cidade após 55 dias de combates selou a derrota norte-americana no sudeste da Ásia e permitiu o controlo de todo o país pelo Partido Comunista Vietnamita (PCV), ainda hoje no poder.

"Trata-se de uma vitória de todo o povo e de todos os vietnamitas", afirmou Phan.

O conflito causou a morte de três milhões de vietnamitas e 58.000 militares norte-americanos.

Phan deverá deslocar-se em breve aos Estados Unidos, naquela que será a primeira visita bilateral de um primeiro-ministro vietnamita a Washington em trinta anos.

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