Viktor Iuchtchenko envenenado com dioxina
O candidato da oposição à eleição presidencial na Ucrânia, Viktor Iuchtchenko, foi vítima de envenenamento com dioxina, declarou hoje um médico que o examinou em Viena.
"Não existe qualquer dúvida de que a doença foi provocada por um envenenamento com dioxina", declarou Michael Zimpfer, médico e director clínico da Rudolfinerhaus, a clínica privada da capital austríaca onde o político ucraniano foi admitido sexta-feira à noite para tratamento.
Este diagnóstico é fundamentado em "mudanças cutâneas, análises ao sangue e estudos da chamada "medicina nuclear" (sobre as estruturas dos tecidos), realizados sexta-feira à noite, declarou o médico a jornalistas.
A equipa médica examinou o funcionamento de todos os órgãos, incluindo o esqueleto, para estabelecer as causas da doença, que aparentava contornos de mistério desde Setembro.
Os médicos verificaram nomeadamente as dimensões e o funcionamento de todos os órgãos do doente, reexaminaram o seu sangue e procuraram possíveis causas de envenenamento.
Paralelamente, procederam a biopsias cutâneas, algo que Iuchtchenko se recusara até agora.
O candidato presidencial da oposição ucraniana, que sofreu uma grave e estranha doença que o desfigurou, reafirmou sexta-feira ter sido, sem dúvida, vítima de uma tentativa de assassínio.
"O que se passou foi um ajuste de contas contra um político da oposição. E o objectivo da operação (na Ucrânia) era, sem dúvida, a minha morte", declarou em conferência de imprensa.
O ministério público ucraniano afirmara, após consulta do dossier médico de Iuchtchenko, que o líder da oposição sofria de uma "febre herpética viral", um diagnóstico hoje desmentido pela equipa médica de Viena.
O parlamento ucraniano aprovou quinta-feira reformas que permitem à Ucrânia entrar mais calmamente em campanha eleitoral para o novo escrutínio presidencial de 26 de Dezembro.
"A crise parece estar próxima de uma solução pacífica, no pleno respeito pelos princípios democráticos e dos direitos do Homem, que serão vitais para a consolidação da democracia na Ucrânia", afirmou sexta-feira Fred Eckhard, porta-voz do secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Quarta-feira, os deputados ucranianos aprovaram uma reforma constitucional proposta pelo presidente Leonir Kutchma, que reforça os poderes do parlamento e do governo, emendas à lei eleitoral que reduzem os riscos de fraudes eleitorais no novo escrutínio presidencial.
O Supremo Tribunal Ucraniano decidiu, há uma semana, anular a segunda volta das eleições de 21 de Novembro devido às fraudes constatadas, ordenando a sua repetição a 26 de Dezembro.
As eleições presidenciais opõem o primeiro-ministro Viktor Ianukovitch ao candidato da oposição Viktor Iuchtchenko.