Villepin apoia acções de Governo espanhol contra terrorismo
O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, expressou hoje ao seu homólogo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, o apoio de Paris a "todas as acções" de Madrid que contribuam para o fim do terrorismo da ETA.
Villepin, que se deslocou hoje à capital espanhola para uma curta visita, concordou igualmente com a rejeição, por Zapatero, de operações europeias "hostis" sobre grupos energéticos nacionais.
Os chefe de governo dos dois países falavam aos jornalistas no final de um encontro entre ambos, no Palácio do Governo em Madrid, durante o qual foram analisadas, entre outras questões, a política antiterrorista e a situação do sector energético europeu.
Durante a reunião, os dois governantes concordaram na criação de novas equipas conjuntas para investigar e combater o "imposto revolucionário" da ETA e o financiamento do terrorismo "etarra".
O objectivo das equipas, cuja criação começou a ser debatida em 2004, é consolidar a luta ao financiamento da organização, em particular as campanhas de extorsão que esta continua a levar a cabo junto de empresários bascos.
Manifestando-se esperançado no fim da violência, Villepin escusou-se, no entanto, a comentar questões da soberania espanhola, nomeadamente no quadro de um eventual debate sobre autodeterminação para o País Basco.
Considerando a cooperação com a Espanha "exemplar", Villepin afirmou que o combate ao terrorismo é "uma prioridade" para os dois países.
Zapatero reiterou a posição do seu governo afirmando que "a legalidade e a democracia são as únicas chaves para o fim da violência desejado pela sociedade espanhola e para o qual o governo continua a trabalhar".
Comentando a situação energética, Zapatero sublinhou que a rejeição da OPA lançada pela alemã E.ON sobre a espanhola Endesa "não tem que ver com proteccionismo", mas sim com a necessidade de garantir o abastecimento "num sector estratégico para a segurança".
O líder francês defendeu igualmente que sejam dados às empresas nacionais os meios necessários para competir "em pé de igualdade" na Europa, impulsionando "grandes projectos industriais" europeus que surjam, não de iniciativas "não amistosas", mas sim de cooperação.
Na opinião de Villepin, é isto que está a ocorrer com a proposta de fusão do grupo franco-belga Suez e da companhia pública francesa Gaz de France. A operação é fortemente condenada pelo grupo italiano Enel, que manifestou interesse em lançar uma OPA sobre a primeira.
Os comentários dos dois líderes surgem na altura em que Bruxelas acusa vários líderes europeus de excesso de nacionalismo na sua política energética, tendo no caso espanhol pedido já explicações sobre a ampliação do mandato da Comissão Nacional de Energia (CNE) para poder avaliar a OPA da E.ON.
A OPA concorrente lançada pela E.ON é 29,1 por cento mais elevada do que a OPA lançada pela Gás Natural sobre a eléctrica espanhola.