Violência e protestos na rua apesar do recolher obrigatório

Foi decretado o recolher obrigatório nas Honduras por causa do golpe de estado que destituiu o Presidente Manuel Zelaya. Desafiando o novo poder, apoiantes do Presidente da República deposto levantaram barricadas na capital em protesto pela intervenção dos militares que obrigou à fuga do presidente para a Costa Rica. Durante o dia de hoje é a vez dos sindicatos promoverem greves laborais por todo o país em sinal de protesto.

Eduardo Caetano, RTP /
O povo hondurenho veio em massa para a rua defender o Presidente deposto enfrentando o recolher obrigatório imposto pelos militares Roberto Escobar, EPA

Os hondurenhos não acataram a ordem de recolher obrigatório imposto pelo novo presidente interino e pelas Forças Armadas e vieram para a rua protestar contra a deposição do seu Presidente.

Em, Tegucigalpa, a capital do país da América Central, muitos foram os que se barricaram nas ruas numa tentativa de defender a presidente deposto e anular aquilo que consideram um golpe de Estado.

Durante a noite foram ouvidos tiros, mas não se conhece a sua autoria, sendo certo que até ao momento as Forças Armadas hondurenhas têm evitado confrontos com a população.

Novo poder não é reconhecido internacionalmente

Deposto e deportado pelos militares e substituído por Roberto Micheletti no Congresso hondurenho, Manuel Zelaya, foi calorosamente recebido domingo à noite na capital da Nicarágua, pelos Presidentes da Nicarágua, Daniel Ortega, da Venezuela, Hugo Chávez, e do Equador, Rafael Correa.

O novo líder hondurenho, Roberto Micheletti vive momentos de impasse. Afirmando não ter efectuado nenhum golpe militar, limitando-se apenas os militares a cumprirem um preceito constitucional em face de um "flagrante delito".

Que flagrante delito seria esse? Zelaya tinha agendado para este domingo uma consulta popular que permitisse alterar a Constituição para possibilitar um segundo mandato presidencial. Nas Honduras o Presidente apenas pode cumprir um mandato presidencial. Ora o Tribunal Constitucional e o Parlamento hondurenho consideraram a consulta contrária à lei fundamental do país. O Supremo Tribunal já admitiu ter ordenado a detenção do Presidente Zelaya.

Agindo em conformidade com esse entendimento, de acordo com Micheletti, os militares intervieram e sequestraram o Presidente da República, tendo-o depois deportado para a Costa Rica.

O certo é que nenhum governo internacional reconhece o novo Presidente da República e, pelo contrário são várias as vozes que se ouvem exigindo o restabelecimento da situação nas Honduras e o regresso de Zelaya ao cargo presidencial.

Patrícia Rodas no México

A ministra dos Negócios Estrangeiros hondurenha, Patrícia Rodas, está sã e salva e partiu para o México onde será acolhida pelo Presidente Filipe Calderon. A informação foi dada pelo Presidente da Nicarágua que informou a embaixada do México na capital da Nicarágua teria tratado de tudo e assegurava a saúde da responsável diplomática das Honduras.

O seu paradeiro era desconhecido depois de ter sido interpelada pelos militares hondurenhos responsáveis pela deposição de Zelaya.

Chávez ameaça reverter a situação

O Presidente venezuelano, Hugo Chávez, já reagiu e colocou o Exército em alerta ao mesmo tempo que ameaça intervir militarmente para repor a situação nas Honduras.

"As forças das Honduras vão perceber que o mundo mudou, que vamos vergar esse golpe, de dentro ou de fora", ameaçou Chávez em declarações prestadas ao canal Telesur, prometendo uma acção com Cuba, Nicarágua e Bolívia.

"Faremos o que tivermos de fazer para que Manuel Zelaya seja restituído ao seu cargo", esclareceu o chefe do Estado venezuelano, mais tarde citado pela Reuters.

Barack Obama preocupado com a situação

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já tornou pública a sua preocupação face à situação que se vive naquele país da América Central.

"Estou muito preocupado com as informações que vêm das Honduras e que dão conta da detenção e expulsão do Presidente Zelaya", comunicou o Presidente dos EUA.

Barack Obama apelou aos vários "actores políticos" que respeitem as "regras democráticas e a lei". A Secretária de Estado, Hillary Clinton, também já condenou o golpe nas Honduras.

ONU quer restabelecimento da legalidade

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, já vei apelar esta segunda-feira para que o presidente do Honduras, Manuel Zelaya, seja restabelecido nas suas funções e que os direitos do Homem sejam respeitados totalmente.

Ban Ki-Moon, «exprime o seu firme apoio às instituições democráticas do país e condena a detenção do Presidente da República» das Honduras.

As Nações Unidas reúnem esta segunda-feira para analisar a situação decorrente do golpe de Estado nas Honduras.

 

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