Mundo
Violência invade a capital do Tibete ao quinto dia de manifestações contra Pequim
Centenas de manifestantes saíram pelo quinto dia consecutivo às ruas da capital do Tibete para prosseguir a maior vaga de protestos dos últimos 19 anos contra a administração chinesa. A tensão dos últimos dias deu hoje lugar à violência, com os manifestantes a incendiarem lojas e viaturas da polícia e o som de disparos a preencher o centro histórico de Lhasa. Os serviços de emergência dão conta de "vários mortos" e dezenas de feridos.
A vaga de contestação aberta ao poder central de Pequim é liderada desde segunda-feira por centenas de monges budistas. E não está confinada a Lhasa, alargando-se a regiões vizinhas do Tibete.
A escalada de tensão terá já levado dois monges budistas a tentarem cometer suicídio, segundo a organização não-governamental Campanha Internacional pelo Tibete, com sede em Londres. Milhares de efectivos do exército e da polícia paramilitar da China montaram cerco aos mosteiros de Sera, Reting e Gandeng, conhecidos como os “três pilares do Tibete”, avançou a mesma organização, citada pela Radio Free Ásia - uma emissora financiada pela Administração norte-americana.
No mosteiro de Sera, os monges estão desde quinta-feira em greve da fome, exigindo a libertação dos monges alegadamente detidos ao longo dos últimos dias.
As manifestações começaram a inundar as ruas por ocasião do aniversário da revolta de 1959 contra a presença da China em território tibetano, uma sublevação esmagada pelas tropas chinesas e que levou o Dalai Lama, líder espiritual do Tibete, a rumar ao exílio na Índia. A última vaga de protestos, também silenciada pela repressão das autoridades chinesas, remontava a 1989.
Ao início da tarde desta sexta-feira, várias lojas do mercado de Barkhor, perto do mosteiro de Jokhang, eram consumidas pelas chamas, de acordo com relatos de testemunhas no local. A embaixada dos Estados em Pequim indicou ter “recebido informações em primeira mão de cidadãos norte-americanos” em Lhasa que davam conta de disparos e outras manifestações de violência.
Testemunhas citadas pela Radio Free Asia afirmaram ter visto pelo menos dois corpos sem vida em Barkhor. Por seu turno, o centro de emergências médicas de Lhasa garantiu à France Presse que a violência generalizada provocou "vários mortos".
Autoridades chinesas respondem com a força
Em declarações à Antena 1, um activista tibetano fez o relato da repressão policial e militar que marcou o dia em Lhasa.
“A manifestação foi liderada por mais de 300 monges de vários mosteiros. No entanto, foram desfiles pacíficos. Eles receberam o apoio da população. A polícia e o exército tentaram travá-los”, adiantou. “Sabemos que a marcha ficou parada junto de um edifício onde costumam concentrar-se. Há restrições neste momento em toda a cidade de Lhasa. Mas para já não temos ainda números sobre pessoas que foram detidas. Muitos foram brutalmente espancados pelos militares chineses”.
Dalai Lama lança apelo a Pequim
Numa declaração difundida esta sexta-feira a partir de Dharamsala, no Norte da Índia, o Dalai Lama exortou as autoridades chinesas a “renunciarem ao uso da força” no Tibete.
“Estes protestos são a manifestação de um profundo ressentimento do povo tibetano para com o regime actual. Apelo, por isso, aos responsáveis chineses para que renunciem ao uso da força e ponham termo a esse ressentimento persistente através do diálogo com o povo tibetano”, declarou o líder espiritual do Tibete.
O embaixador dos Estados Unidos em Pequim instou, também, o Governo chinês a dar mostras de “contenção” no Tibete, indicou o Departamento de Estado norte-americano.
A China “deve respeitar a cultura tibetana, deve respeitar o carácter multiétnico da sua sociedade”, declarou, por seu turno, Gordon Johndroe, porta-voz da Casa Branca.
Em Bruxelas, os líderes da UE, reunidos para o último dia do Conselho Europeu da Primavera, adoptaram um texto a exigir “contenção” por parte de Pequim e a libertação de todos os detidos.
A escalada de tensão terá já levado dois monges budistas a tentarem cometer suicídio, segundo a organização não-governamental Campanha Internacional pelo Tibete, com sede em Londres. Milhares de efectivos do exército e da polícia paramilitar da China montaram cerco aos mosteiros de Sera, Reting e Gandeng, conhecidos como os “três pilares do Tibete”, avançou a mesma organização, citada pela Radio Free Ásia - uma emissora financiada pela Administração norte-americana.
No mosteiro de Sera, os monges estão desde quinta-feira em greve da fome, exigindo a libertação dos monges alegadamente detidos ao longo dos últimos dias.
As manifestações começaram a inundar as ruas por ocasião do aniversário da revolta de 1959 contra a presença da China em território tibetano, uma sublevação esmagada pelas tropas chinesas e que levou o Dalai Lama, líder espiritual do Tibete, a rumar ao exílio na Índia. A última vaga de protestos, também silenciada pela repressão das autoridades chinesas, remontava a 1989.
Ao início da tarde desta sexta-feira, várias lojas do mercado de Barkhor, perto do mosteiro de Jokhang, eram consumidas pelas chamas, de acordo com relatos de testemunhas no local. A embaixada dos Estados em Pequim indicou ter “recebido informações em primeira mão de cidadãos norte-americanos” em Lhasa que davam conta de disparos e outras manifestações de violência.
Testemunhas citadas pela Radio Free Asia afirmaram ter visto pelo menos dois corpos sem vida em Barkhor. Por seu turno, o centro de emergências médicas de Lhasa garantiu à France Presse que a violência generalizada provocou "vários mortos".
Autoridades chinesas respondem com a força
Em declarações à Antena 1, um activista tibetano fez o relato da repressão policial e militar que marcou o dia em Lhasa.
“A manifestação foi liderada por mais de 300 monges de vários mosteiros. No entanto, foram desfiles pacíficos. Eles receberam o apoio da população. A polícia e o exército tentaram travá-los”, adiantou. “Sabemos que a marcha ficou parada junto de um edifício onde costumam concentrar-se. Há restrições neste momento em toda a cidade de Lhasa. Mas para já não temos ainda números sobre pessoas que foram detidas. Muitos foram brutalmente espancados pelos militares chineses”.
Dalai Lama lança apelo a Pequim
Numa declaração difundida esta sexta-feira a partir de Dharamsala, no Norte da Índia, o Dalai Lama exortou as autoridades chinesas a “renunciarem ao uso da força” no Tibete.
“Estes protestos são a manifestação de um profundo ressentimento do povo tibetano para com o regime actual. Apelo, por isso, aos responsáveis chineses para que renunciem ao uso da força e ponham termo a esse ressentimento persistente através do diálogo com o povo tibetano”, declarou o líder espiritual do Tibete.
O embaixador dos Estados Unidos em Pequim instou, também, o Governo chinês a dar mostras de “contenção” no Tibete, indicou o Departamento de Estado norte-americano.
A China “deve respeitar a cultura tibetana, deve respeitar o carácter multiétnico da sua sociedade”, declarou, por seu turno, Gordon Johndroe, porta-voz da Casa Branca.
Em Bruxelas, os líderes da UE, reunidos para o último dia do Conselho Europeu da Primavera, adoptaram um texto a exigir “contenção” por parte de Pequim e a libertação de todos os detidos.