Visita a Israel. Bolsonaro diz que o nazismo era "de esquerda"

por RTP
Ueslei Marcelino, Reuters

O presidente brasileiro, ao visitar em Jerusalém o Instituto de Yad Vashem, foi confrontado com afirmações recentes do seu ministro dos Negócios Estrangeiros e confirmou a visão comum a ambos, da Alemanha nazi como um regime de esquerda.

A gaffe de Jair Bolsonaro, resume-se a uma resposta em forma de pergunta: "Não há dúvida, né?" e, logo em seguida, a uma outra pergunta que pretendia ser irónica, mas que revelou uma dupla ignorância do presidente brasileiro: "Partido Socialista... Como é que é [o nome oficial do partido de Hitler]? Partido Nacional-Socialista da Alemanha".
Na verdade, o nome do NSDAP nem era Partido Socialista nem Partido Nacional-Socialista da Alemanha, e sim Partido Operário Nacional-Socialista da Alemanha.

Aquilo sobre que não tem dúvidas o presidente brasileiro é a afirmação do seu chanceler Ernesto Araújo, segundo a qual "o nazismo tinha traços fundamentais que recomendam classificá-lo na esquerda no espectro político".

A afirmação proferida no final de uma acidentada visita oficial a Israel teve lugar no Instituto de Yad Vashem, que precisamente se atribui como missão preservar a memória do Holocausto, das suas vítimas e do seu significado histórico.

Bolsonaro discursou no instituto, emitindo algumas afirmações sobre o "exame de consciência" que cada pessoa deve fazer e concluindo com uma declaração de amor ao Estado de Israel.

Mas posteriormente, num período de perguntas e respostas aos jornalistas, foi interpelado sobre a peculiar definição do nazismo que Ernesto Araújo vem defendendo e teve o impulso de confirmar o seu ministro.

A afirmação só podia ser vista como uma provocação a esse instituto que expressamente define o nazismo como uma corrente de extrema-direita. Grande parte da imprensa israelita e internacional imediatamente relevou o antagonismo entre a derrapagem de Bolsonaro e os pilares fundamentais da actividade científica e pedagógica do instituto.

Pouco depois, Bolsonaro, dirigindo-se aos jornalistas, repreendeu-os por fazerem perguntas inconvenientes, que apenas podem resultar em manchetes negativas.
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