Visita de Donald Trump a Londres rodeada de segurança excecional

A visita de Estado a Londres, do presidente norte-americano Donald Trump, quarta e quinta-feira, levou a polícia britânica a implementar uma das maiores operações de segurança dos últimos anos no Reino Unido, para responder ao que considera um "nível de ameaça muito alto".

Graça Andrade Ramos - RTP /
O Mall, avenida que leva ao palácio de Buckingham em Londres, engalanado com bandeiras do Reino Unido e dos Estados Unidos Jaimi Joy - Reuters

Estão previstos diversos protestos contra a presença de Trump.

Trump chega esta noite, pelas 20h30, à capital do Reino Unido, acompanhado da primeira dama dos EUA, Melania Trump. Quarta-feira serão recebidos pela família real no Castelo de Windsor, a oeste de Londres, e quinta-feira irão para Chequers, a residência de campo dos primeiros-ministros britânicos a noroeste da capital.

Quarta-feira, a agenda inclui um desfile de carruagem do casal norte-americano acompanhado de membros da realeza, a receção pela guarda real, uma visita à coleção real de Windsor, a deposição de uma corôa de flores junto ao túmulo da rainha Isabel II e um banquete de Estado.

Esta é a segunda visita de Trump a Londres. Em 2019 avistou-se com a rainha Isabel II e deixou um rasto de polémica. Desta vez não será diferente e a viagem já está marcada pela recente demissão do embaixador britânico nos Estados Unidos, Lord Mandelson, por alegadas ligações ao magnata suspeito de pedofilia e proxenetismo, Jeffrey Epstein.

Christian Bunt, vice-comissário da Polícia do Vale do Tamisa, responsável pela região de Windsor e Chequers, referiu à imprensa que foi planeada "uma operação policial e de segurança muito abrangente, que teve em conta quase todas as eventualidades".
Medidas excecionais
As medidas de segurança incluem drones da polícia no ar, atiradores de elite nos telhados, barcos de patrulha no Tamisa e uma equipa de assalto aéreo de prontidão.

Seja no ar, em terra ou na água, as operações de segurança são excecionais. Vários órgãos de comunicação social destacam que este nível de segurança é inédito desde a coroação do Rei Carlos III em 2023.

A Polícia do Vale do Tamisa referiu que "foi implementada uma vasta gama de medidas de segurança": "muitas serão visíveis ao público, mas outras não". O rio Tamisa vai ser patrulhado e estão a ser realizadas buscas na água e nas margens em redor de Windsor, informou.

O Castelo de Windsor foi rodeado de barreiras altas, que impedem não só o acesso como a visibilidade. As medidas levaram os habitantes locais a chamarem a Windsor "Trumptown". Foi ainda emitida uma ordem temporária a proibir drones e aeronaves de pequeno porte, que não sejam da polícia, de sobrevoarem áreas sobre Windsor e Chequers.

Uma pessoa que operava um drone perto de Windsor foi detida esta terça-feira. A polícia tem encorajado ainda o público a denunciar qualquer "atividade suspeita" à polícia.

A BBC refere que o MI5, os serviços de informação responsáveis pela segurança interna, a polícia e unidades antiterrorismo estão a colaborar estreitamente com os Serviços Secretos norte-americanos. Os agentes de segurança dos EUA foram autorizados a transportar armas de fogo durante a estadia do seu presidente.
Foco no espetáculo
Do local para o acolhimento e movimentos da Cavalaria Real à distribuição de lugares para o banquete de Estado, todos os detalhes estão a ser planeados com minúcia há vários meses.

O menu e a música do banquete, que incluirá "muitas referências à sua herança escocesa", foram igualmente escolhidos cuidadosamente.

O Rei Carlos III deverá discursar durante sete minutos no banquete e o texto já passou por várias versões, garantindo que toca nos botões "certos" sem cruzar linhas políticas.

As autoridades britânicas afirmam não ter recebido qualquer indicação dos seus colegas norte-americanos sobre o que Trump poderá dizer no seu discurso.

A visita de Estado de menos de 48 horas vai ser rodeada de toda a pompa, mas o presidente dos EUA não irá visitar Downing Street, discursar no Parlamento nem ter tempo para jogar uma partida de golfe.

O foco tem sido na imagem a transmitir. A escala da cerimónia em Windsor foi alargada, envolvendo 1.300 soldados e 120 cavalos, muito mais do que os utilizados quando o presidente francês Macron visitou Londres no início deste ano.
Olhos em Windsor 
O cerimonial é o foco principal da Casa Branca nesta visita e prevê uma oportunidade para o presidente ser fotografado com o rei, a rainha, o príncipe e a princesa de Gales, bem como desfiles militares, bandas e a passagem da equipa aérea Red Arrows.

Lord McDonald, antigo alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, afirmou que a escolha estratégica do Reino Unido de conceder ao homem mais poderoso do mundo "a mais completa honra que o protocolo britânico permite" será seguida de perto pelo resto do mundo.

"Esta visita de Estado não é apenas um acontecimento entre o Reino Unido e os EUA", afirmou à BBC. "Será uma das maiores histórias do mundo".

"O resto do mundo estará de olhos postos em Londres e Windsor, reforçando a posição internacional do Reino Unido"
, referiu.

Esta visita de Estado acontece uma semana após o assassinato a tiro do influenciador conservador Charlie Kirk, figura de proa do movimento juvenil de Trump, durante um encontro público numa universidade no Utah, EUA.

O próprio Donald Trump foi vítima de duas tentativas de assassinato, incluindo em julho de 2024, durante um comício de campanha na Pensilvânia, no qual ficou ligeiramente ferido.
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