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Visitante tenta "fazer um meme" e rasga pintura de 1712 na Galeria Uffizi em Florença

por RTP
Parede da Galeria Uffizi já sem a pintura "Retrato de Ferdinando de Medici, Grande Príncipe da Toscana", de Anton Domenico Gabbiani, realizada no séc. XVIII, após ter sido danificada.

A pintura barroca com o retrato de Ferdinando de Medici, pintado por Anton Domenico Gabbiani, foi danificada por um visitante, este fim de semana, nas conhecidas Galerias Uffizi em Florença. O turista tentava "fazer um meme" e apoiando-se "excessivamente sobre o quatro" acabou por rasgá-lo. A direção do museu pondera agora adotar regras mais rígidas de comportamento para proteger a integridade do património patente nas Uffizi.

O incidente foi captado pelas câmaras de segurança das Galerias Uffizi, em Florença. As imagens divulgadas pelo canal italiano TG1 mostraram um visitante inclinado para trás e a cair sobre pintura.

Na tentativa de “fazer um meme” ou posar para fotografia com o quadro barroco por trás, um turista apoiou-se “excessivamente” sobre o retrato de Ferdinando de Medici, Grão-Príncipe da Toscana, pintado por Anton Domenico Gabbiani, rasgando a parte inferior da tela pintada em 1712.

Retrato de Ferdinando de Medici com detalhe do rasgão no canto inferior direito | Facebook

A direção do museu italiano retirou de imediato a obra do séc. XVIII para restauro e assegurou que o dano é tecnicamente reparável.

Porém, em entrevista à agência Ansa, o diretor das Uffizi, Simone Verde, expressou preocupação com o crescente desrespeito ao património cultural perante o elevado número de pessoas que querem produzirem conteúdos para as redes sociais.

“Estamos a assistir a uma perigosa transformação dos museus em meros cenários para selfies, afirmou Verde.

Verde aponta que “o problema dos visitantes que vêm a museus para fazer memes ou tirar selfies para as redes sociais é desenfreado”.

 Acrescentou ainda que a instituição pretende adotar regras mais rígidas de comportamento, visando proteger e preservar a integridade das obras de arte.
 
Turista a posar junto ao quatro do séc. XVIII | Facebook da ArtnetNews

As Galerias Uffizi reportaram à BBC que o indivíduo foi identificado pela polícia e denunciado às autoridades judiciais.

Esta pintura faz parte da exposição composta por cerca de 150 obras-primas do século XVIII de artistas como Goya, Tiepolo e Canaletto. Após o incidente foi fechada até 2 de julho. Deve reabrir com a pintura restaurada.

O quadro de Ferdinando de Medici, não é um caso isolado em Itália.

Verde relembrou que recentemente, no Palazzo Maffei, em Verona, uma escultura - cadeira incrustada de cristais Swarovski -, inspirada em Van Gogh, foi danificada por um visitante que, ao posar para fotografias, caiu sobre a obra e depois fugiu

“O peso do homem fez com que a estrutura, delicadamente construída com vidro lapidado e sustentada por folhas metálicas, cedesse de forma abrupta” explicou.

Escultura danificada | Foto: Palazzo Maffei

O episódio em Florença volta a colocar em cima da mesa o debate sobre os limites da interação do público com o património artístico e a reforça a necessidade para se estabelecerem novas medidas de proteção do espólio exposto nas instituições culturais.

“Vamos estabelecer limites muito precisos, evitando comportamentos que não sejam compatíveis com o sentido das nossas instituições e o respeito pelo património cultural”, rematou Verde.
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