Vítimas de assédio sexual são Personalidade do Ano da revista Time

por Sandra Salvado - RTP
Fotografia: Time

A Time chamou-os Silence Breakers (quebradores de silêncio). Pertencem a "todas as raças, todos os credos, todas as profissões e a todas as camadas da sociedade". São famosos ou desconhecidos que denunciaram casos de abuso sexual através do movimento MeToo e conseguiram partilhar a indignação nas redes sociais. A revista norte-americana nomeou-os a todos Personalidade do Ano.

A revista Time distingue este ano o "ato de coragem" de quem partilhou nas redes sociais histórias pessoais de assédio sexual.

Na capa onde habitualmente surge a pessoa mais influente do ano, pelos melhores ou piores motivos, surgem agora cinco mulheres: Ashley Judd, Susan Fowler, Adama Iwu, Taylor Swift e Isabel Pascual, que confessaram terem sido vítimas de assédio sexual.



A distinção é um reconhecimento do papel de mulheres e homens “por dar voz a segredos abertos, por mover redes de murmúrios para as redes sociais, por nos motivar a todos para parar de aceitar o inaceitável”.

A revista considera que as denúncias e ações protagonizadas pelas personalidades distinguidas criaram um dos movimentos mais rápidos, apoiado pelo impacto da divulgação conseguida através das redes sociais, nomeadamente através da hashtag #MeToo.Um dos casos mais mediáticos envolveu o produtor norte-americano Harvey Weinstein, acusado de assédio e abuso sexual por mais de 80 mulheres, entre as quais várias estrelas de Hollywood, como Gwyneth Paltrow, Ashley Judd e Angelina Jolie.

A atriz Ashley Judd foi a primeira mulher a denunciar os abusos sexuais do produtor de Hollywood Harvey Weinstein. Depois muitas outras mulheres e homens perderam o medo e denunciaram o assédio ou abuso sexual de que tinham sido vítimas.

Entre os acusados de assédio e abusos sexuais, mas também de má conduta sexual, estão atores como Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o ex-presidente da Amazon Studios Roy Price, os realizadores Brett Ratner e James Toback, os jornalistas Charlie Rose, Glenn Thrush e Matt Lauer, o fotógrafo Terry Richardson e o comediante norte-americano Louis C.K..

Tarana Burke, a mulher a quem é atribuída a criação da #MeToo, já agradeceu a distinção na rede social Twitter.


“Esta é a mudança social mais rápida que vimos em décadas, e começou com atos individuais de coragem por centenas de mulheres (e também alguns homens) que se apresentaram para contar suas próprias histórias", explicou o editor-chefe da revista Time, Edward Felsenthal.

"As mulheres e homens que quebraram o seu silêncio chegam-nos de todas as classes sociais, todas as profissões e todos os cantos do globo. Podem trabalhar num campo na Califórnia, atrás de uma secretária no Plaza Hotel em Nova Iorque ou até mesmo no Parlamento Europeu. Fazem parte de um movimento que não tem um nome formal. Mas agora têm uma voz", justificou ainda o editor da revista.


 
Entre os finalistas selecionados pela Time estavam vários líderes mundiais como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tinha sido escolhido em 2016, o ditador norte-coreano Kim Jong-un, o Presidente chinês Xi Jinping e ainda o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.

O ex-diretor do FBI Robert Mueller, o jogador da NFL Colin Kaepernick e Patty Jenkins, a realizadora do filme Wonder Woman, também se encontravam entre os finalistas selecionados.
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