Voyager 2 recupera de um "burnout" e continua a explorar o espaço desconhecido

por Nuno Patrício - RTP
Foto: NASA/DR

A velhinha sonda norte-americana Voyager 2, a viajar no espaço profundo, pregou um valente susto aos cientistas da NASA depois de se ter desligado, sem razão aparente, no passado dia 28 de janeiro. Os corações científicos só aliviaram do choque quando a sonda "vintage" voltou a dar sinais de vida e revelou o que se passara.

"Boas vibrações! A Voyager 2 continua estável, e as comunicações entre a Terra e a nave espacial são boas."


A Voyager 2, nave irmã da Voyager 1, lançadas em agosto e setembro de 1977, são sondas que foram projetadas para estudar alguns planetas do nosso sistema solar, seguindo depois para o espaço profundo, para fora da fronteira conhecida do sistema solar.

Alimentadas com três geradores termoelétricos de radioisótopos (RTGs) montados em lança, este sistema de alimentação (MHW-RTG) contém 24 esferas de óxido de plutónio-238, permitindo uma longevidade eneregética aos sistemas basilares e científicos da nave.
O "burnout" da Voyager 2

Mas então o que se passou para a sonda se desligar?

A surpresa surgiu quando no centro de controlo científico e de recolha de dados da Voyager o sinal da nave deixou de se ouvir. Uma ausência de sinal que se verificou numa altura em que a sonda iria ser programada para uma manobra no espaço em que a nave teria de girar sobre si mesma, efetuado uma rotação de 360 graus, que serve de calibração dos instrumentos a bordo.

Mas a Voyager 2 não realizou a manobra. Como resultado, dois dos sistemas - ambos a consumir muita energia e funcionar ao mesmo tempo, segundo a NASA – acionaram um sistema de segurança energético na programação da nave, suspendendo todo o sistema de alimentação aos instrumentos científicos e de transmissão com a Terra.

Concebidas para viajar além fronteiras do sistema solar, cada Voyager  transporta um disco de ouro com sons, imagens e mensagens da Terra. Como a nave espacial pode durar milhões de anos no espaço, em perfeitas condições, caso não sofra nenhum embate com um objeto cósmico, estas "cápsulas do tempo"  podem um dia ser os únicos vestígios da civilização humana.
O problema foi que a nave estava a consumir muito da sua fonte de energia disponível, o que acionou o software de proteção. O software desliga automaticamente os instrumentos científicos do Voyager 2 quando há uma sobrecarga de energia para poupar energia. Afinal, ela só tem uma fonte de alimentação, finita.

Muito embora a NASA não tenha confirmado ou negado se foi isso que realmente aconteceu, só o tempo dirá se a agência alguma vez terá uma resposta para o que correu mal.

Com a atual distância entre a Voyager 2 e a Terra (mais de 18 mil e 500 milhões de quilómetros) comunicar e/ou enviar ordens à nave demora 17 horas. Ou seja, cada tentativa de perceber o que se passou demorou 34 horas.

O susto só terminou depois da sonda dar sinais de vida e enviar a informação que afinal ainda ali estava e de boa saúde.


Por enquanto, a missão da Voyager 2 está longe de terminar. Se tudo correr bem, a sonda norte-americana deve ter, pelo menos, mais cinco anos de vida. Isto se não tiver mais nenhum problema ou eventualmente se não chocar com nada durante a viagem.



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