Vuelta. Protestos pró-Palestina abrem conflito em Espanha

A participação da equipa israelita Israel Premier-Tech levou a protestos massivos numa das maiores provas de ciclismo do mundo. Um dia depois de a etapa derradeira ter sido encurtada, abre-se um conflito entre a área desportiva e política em Espanha devido aos acontecimentos das últimas semanas. A organização veio dizer esta segunda-feira que acha que tudo o que ocorreu foi “lamentável”. Pedro Sanchéz colocou-se ao lado dos manifestantes e pede a suspensão de Israel de todas as provas desportivas.

RTP /
Reuters

Um dia depois do término da prova que teve como palco de fundo a cidade de Madrid, as fações começam a ficar extremadas. O diretor da Volta a Espanha falou com os meios de comunicação para criticar a maneira como os protestos pró-palestina afetaram a competição, uma das maiores referências do ciclismo.

“Quero lamentar e condenar o ocorrido durante a última etapa. Poucos comentários são necessários. As imagens falam por si. É lamentável tudo o que ocorreu. Não há nada de bom a retirar. Somos uma empresa de ciclismo. É isso que queremos reivindicar”, explicou Javier Guillén, diretor da Volta espanhola.

“Somos desporto e é isso que queremos ser. Achamos muito bem que aproveitem a Volta para reivindicar aquilo que quiserem mas também queremos respeito às manifestações, pedimos respeito à organização e aos nossos desportistas”, continuou Guillén.

“A posição da Volta é clara. Guiamo-nos pelas normativas da União Ciclista Internacional. As normas de participação são impostas pela UCI. É a ela que corresponde estabelecer o direito de sanção ou de exclusão durante as provas e em todos o momentos nos movemos por essa legalidade. Ficámos assim, não quisemos entrar em nenhum debate”.

E Guillén continuou: “A UCI tomou uma posição: fez um comunicado para manter a equipa da Israel Premier-Tech na corrida. Tenho de dizer que sempre nos guiámos, em todos os momentos, pelo que nos disseram. Qualquer decisão sem o seu consentimento teria levado a uma série de consequências legais muito negativas, algo que afetaria a Espanha como uma referência no desporto internacional”, continuou.

Todas estas explicações acontecem devido à participação da equipa de Israel na prova, que também esteve presente na Volta a Portugal em bicicleta, tendo vencido quatro etapas na maior prova de ciclismo em território português.
Pedro Sánchez que Israel fora de todas as provas desportivas
Depois das declarações do diretor da Volta a Espanha, o primeiro-ministro espanhol também fez declarações sobre as manifestações que levaram ao encurtamento de algumas etapas.

Pedro Sánchez manifestou “profunda admiração pela sociedade civil espanhola que se mobilizou contra injustiça” na capital espanhola e disse, de forma clara, que tal como a Rússia, também Israel deve ser suspensa de todas as provas desportivas.

“Até que cesse a barbárie, nem Rússia, nem Israel devem estar em competições internacionais”, disparando depois várias críticas à direita espanhola, especialmente ao PP, de Núñez Feijoó, numa altura em que Sanchéz fez da Palestina a sua principal bandeira política depois de vários escândalos políticos que assolaram o partido nos últimos meses.

“Sentimos, como dissemos ontem [domingo], uma profunda admiração e um grande respeito pelos nossos atletas, pelos ciclistas da Volta a Espanha. Mas também sentimos imenso respeito e uma profunda admiração por uma sociedade civil que se mobiliza contra a injustiça”.
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