"Wilders (extrema-direita) teve uma tripla vitória" na Holanda

por Rui Sá, Fernanda Gabriel, João Fernando Ramos

O Centro Direita venceu as eleições na Holanda.
O que que na Turquia se traduz por "Guerra diplomática como dantes", na Europa é recebido como alivio momentâneo.
A extrema-direita não vence, mas torna-se o segundo partido mais votado, e Greet Wilders mantém que este é o advento de uma "Primavera Patriótica" em toda a Europa.
No Jornal 2 o comentador de assuntos internacionais Miguel Szymanski não tem dúvidas "Wilders teve uma tripla vitória. Ganhou votos, tornou-se a segunda força política e obrigou o centro direita a adotar as suas políticas xenófobas para poder não sair derrotada"

Mark Rutte continuará como primeiro-ministro. O seu partido mantém-se o mais votado mas passa de 41 para 33 deputados.

O centro direita vence as eleições, mas é o Partido da Liberdade aquele que mais cresce.

A Primavera Patriótica de Wilders tem um segundo ato, marcado para 23 de abril, na primeira volta das presidenciais francesas onde Marine Le Pen lidera nas intenções de voto.

"Ninguém deve estar à espera que as instituições europeia caíssem em seis meses. Para Greet Wilders este é claramente um passo em frente e assim o vê também a Frente Nacional em França", diz no Jornal 2 Miguel Szymanski que lembra que este é um processo que levará o seu tempo. O Jornalista alemão, a viver no nosso país não deixa de fazer uma comparação histórica que é também um alerta.

"Durante seis anos a Europa toda celebrou a vontade de Hitler em não começar uma guerra. Hitler levou seis anos, entre 1933 e 1939, para desencadear a segunda guerra mundial".


A derrota da Social Democracia


O grande derrotado das eleições nos Países Baixos é no entanto um dos mais fervorosos europeístas holandeses, Jeroen Dijsselbloem.

O Partido Trabalhista, do qual o atual presidente do Eurogrupo faz parte, passa de 38 para apenas 9 deputados e pode ficar de fora de um governo de que faz parte há quatro anos.

"Foi profundamente cilindrado. Tenho dúvidas que os trabalhistas sociais democratas se venham alguma vez a levantar desta derrota. Quase não se consegue impedir que quem foi contra as políticas austeritárias na Europa não esboce um sorriso pela saída de Dijsselbloem", afirma o comentador de assuntos internacionais do Jornal 2, que lembra que para sobreviver os partidos tradicionais do centro esquerda tendem a ir buscar fragmentos ideológicos aos extremos, e quem não o faz desaparece numa "Europa pós industrial em que o eleitorado tradicional das classes trabalhadoras se deixou de identificar com estes partidos".

Recorde-se António Costa defendeu, a semana passada em Bruxelas, uma mudança urgente na presidência do Eurogrupo a bem dos consensos necessários à estabilidade na Zona Euro.

Dijsselbloem tem mandato até janeiro de 2018 mas não é obrigatório que deixe o cargo,apesar de eventualmente deixar de ser ministro das finanças da Holanda.
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