William Lai defende soberania de Taiwan e pede coragem face a "ameaças" da China

O líder taiwanês afirmou que Taiwan é um "país independente" e que a China carece de legitimidade histórica e legal para reivindicar a sua soberania, num discurso em que pediu uma resposta "corajosa" face às crescentes "ameaças" chinesas.

Lusa /
William Lai, Presidente de Taiwan Foto: Ritchie B. Tongo - EPA

No primeiro de dez discursos programados sobre segurança nacional, William Lai declarou, no domingo, que um país é uma comunidade política que "possui uma população permanente, exerce jurisdição sobre um território específico, pode organizar um governo e tem autoridade tanto interna como externa".

"Taiwan, Penghu, Kinmen e Matsu realizam eleições periódicas para renovar todos os níveis de governo, exercem poder público, mantêm relações diplomáticas e dispõem de forças de defesa nacionais. São uma comunidade política composta pelos 23 milhões de habitantes desta terra. Por isso, Taiwan é, sem dúvida, um país", afirmou o chefe de Estado.

Durante a intervenção, Lai fez uma revisão da história da ilha - "berço" da cultura austronésia e local de presença portuguesa, holandesa e espanhola - para contrariar a tese de que Taiwan foi sempre parte inseparável da China, considerando que tal "não se sustenta perante a evidência histórica".

"Só em 1683 é que Taiwan passou a estar sob controlo de uma dinastia chinesa", lembrou, acrescentando que a ilha apenas foi considerada província da China entre 1887 e 1895, até a dinastia Qing ceder a soberania ao Japão, que ocupou o território até 1945.

Lai reafirmou que a República Popular da China - fundada em 1949 após a vitória comunista sobre os nacionalistas na guerra civil - "nunca teve soberania sobre Taiwan" e rejeitou os argumentos legais de Pequim, como a resolução 2758 das Nações Unidas ou o princípio de "uma só China".

"República da China, República da China-Taiwan e Taiwan são todos nomes válidos do nosso país e têm igual legitimidade. Não importa qual o nome usado: somos um país independente e soberano", sublinhou Lai, que frisou que as "ameaças" de Pequim "preocupam a comunidade internacional como um todo".

"Perante estas ameaças externas e a constante presença de navios e aeronaves do Exército Popular de Libertação chinês nas nossas imediações, devemos enfrentar a situação com coragem", declarou Lai.

As autoridades chinesas consideram Taiwan "parte inalienável" do território da China e não excluem o uso da força para alcançar a "reunificação" da ilha com o continente, um dos objetivos de longo prazo traçados pelo Presidente chinês, Xi Jinping, desde que assumiu o poder, em 2012.

Neste contexto, Pequim intensificou nos últimos anos a campanha de pressão diplomática e militar sobre Taiwan, com manobras militares cada vez mais frequentes em torno da ilha e forçando a perda de aliados diplomáticos de Taipé a favor da República Popular da China.

 

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