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10 de Junho. Presidente da República apela à "reconstrução do tecido social" sem nos limitarmos "a remendar"

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Tiago Petinga - Lusa

No seu discurso nas comemorações do 10 de Junho, que decorrem no Funchal, na Madeira, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que estamos “no fim ou quase no fim de uma pandemia longa e dolorosa” e salientou a importância do período pós-pandemia. O Presidente da República defendeu que não nos devemos limitar “a remendar o tecido social ferido pela pandemia” e apelou à reconstrução desse tecido “a pensar em 2030, 2040, 2050”.

“Viver este 10 de Junho de 2021 no Funchal é uma experiência singular”, começou por referir Marcelo no seu discurso da cerimónia do Dia de Portugal, sublinhando que estamos “no fim ou quase no fim de uma pandemia tão longa e dolorosa” que “quase tudo suspendeu e atropelou”.

O chefe de Estado deixou, porém, algumas palavras de esperança e sublinhou que “não serão as imensidades destes desafios que nos vão desviar do nosso futuro". "Que se desenganem os profetas da nossa decadência ou da nossa finitude”, afirmou.

Focado no futuro e na recuperação do país no pós-pandemia, Marcelo referiu que “este 10 de Junho convida-nos a ser melhores neste desafio” para fazer diferença no mundo.

Esta terra exige mais de nós, que não esqueçamos nos próximos anos, não nos limitando a remendar o tecido social ferido pela pandemia”, disse o Presidente da República. “Reconstruamos esse tecido a pensar em 2030, 2040, 2050. É necessário agir em conjunto, com organização, transparência, eficácia, responsabilidade”, apelou.

O chefe de Estado fez ainda um apelo à convergência “para aproveitar recursos”, sublinhando que é imperativo “recriar espírito novo de futuro, para todos, e não uma chuva de benesses para alguns”. “Que se veja com olhos de interesse coletivo e não com olhos de egoísmos pessoais ou de grupo”, reiterou.

Referindo-se à bazuca europeia, Marcelo Rebelo de Sousa apelou ainda a que se não se desperdice “o acicate dos fundos”, “evitando deles fazer, em pequeno e por curtos anos, o que fizemos tantas vezes na nossa História com o ouro, especiarias, com a prata”.

Marcelo lembrou ainda que “somos uma pátria de emigrantes” e por isso “estranho será se além de fazermos muito mais pelos nossos emigrantes, não pensarmos e sentirmos que não podemos querer para os nossos emigrantes aquilo que negamos aos emigrantes dos outros entre nós acolhidos”. Em período de pandemia, o chefe de Estado sublinhou a importância “desses tantos imigrantes de outros que nos ajudaram a não parar setores inteiros como a construção civil”.

“Este 10 de Junho é um dia apropriado para agradecermos aos nossos irmãos de nacionalidade que por esse globo criam Portugais, para agradecermos a esses outros irmão de humanidade que nos são tão úteis”, afirmou.

O Presidente da República deixou ainda o seu agradecimento às forças armadas, “pela intervenção que tiveram nos lares com a emergência, na preparação das escolas, na garantia da vacinação em massa, por terem estado sempre, quando, onde e como era imprescindível”.

Marcelo deixou, porém, “uma palavra ainda mais forte e mais rendida e emocionada para com as mulheres e homens que na saúde por todo o país salvaram vidas e velaram pacientes”.

Homenagear estes heróis “não é apenas condecorar”, defendeu Marcelo. “É agradecendo-lhes e continuando a proporcionar-lhes no futuro ainda mais recursos e condições para servirem a comunidade nacional”, afirmou.

Este foi o segundo ano consecutivo do 10 de Junho celebrado em contexto de pandemia, mas o chefe de Estado relembrou que, mesmo assim, este é um dia “muito diferente” daquele celebrado o ano passado, onde Marcelo presidiu apenas uma cerimónia simbólica no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, apenas com os dois oradores e seis convidados.

“Hoje somos aqui dezenas, centenas, milhares ao longo destas avenidas a querer dizer que a vida continua, recomeça, reconstrói-se, olhando para o futuro, fiéis a nove séculos de história, sempre sob o signo da eternidade”, concluiu o Presidente da República.
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