12,3% dos jovens portugueses viram imagens sexuais, 14% ficaram perturbados
Lisboa, 10 jul (Lusa) -- Um inquérito europeu hoje divulgado revela que 12,3 por cento dos jovens portugueses, com idades entre os nove e os 16 anos, viram imagens sexuais na internet, dos quais 14% dizem ter ficado perturbados.
O novo relatório do Projeto UE Kids Online refere que 7,2% dos jovens com idades entre os 11 e os 16 anos que observaram estas imagens viram pessoas a fazer sexo e 1,2% assistiram a imagens sexuais violentas.
Segundo o inquérito europeu sobre proteção das crianças dos riscos online, 15% dos jovens europeus entre os 11-16 anos já viram sites com conteúdos nocivos gerados por outros utilizadores, com destaque para sites pró-anorexia e bulimia.
Esta situação afeta mais as raparigas a partir dos 13 anos, refere, acrescentando que "são os jovens com mais competências de literacia digital que mais vezes encontram estes riscos".
O inquérito, liderado em Portugal por Cristina Ponte, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (UNL), analisou ainda as principais preocupações dos pais europeus sobre os filhos.
Numa lista de nove preocupações, os pais europeus colocam em primeiro lugar o seu rendimento escolar, seguindo-se acidentes rodoviários, bullying (na internet e fora dela) e crimes.
Os riscos online, como ser contactado por estranhos ou ver conteúdo problemático, estão em quinto e sexto lugares para os pais europeus.
Nos últimos lugares aparecem preocupações com o álcool e drogas, problemas com a polícia e atividades sexuais.
No estudo, Portugal destaca-se por ser o país europeu onde mais pais expressaram preocupações com contactos de estranhos (65%) e com conteúdos problemáticos (61%).
"Este tipo de preocupações não aparece nos primeiros lugares entre os pais europeus, que manifestam como principal preocupação a escola, seguindo-se a segurança nas ruas", disse Cristina Ponte à agência Lusa.
Para a investigadora, esta situação reflete uma diferença cultural: "É nos países do Sul da Europa onde esta preocupação com conteúdos, nomeadamente de ordem sexual, se faz mais sentir porque logo a seguir a Portugal vem a Grécia, a Itália e a Espanha".
Contudo, Cristina Ponte refere que ter contactos com estranhos na internet "não tem de ser necessariamente uma experiência negativa".
"É importante que os jovens acedam à internet, mas que o façam em condições de segurança, sabendo que o risco está lá e aprender a lidar com ele para evitar situações danosas e saber reportar estas situações quando elas ocorrem a quem fornece os conteúdos e também à família", defende.
A investigação mostra ainda que "o risco de não usar a internet por parte das crianças e jovens é um risco de exclusão do convívio com os seus pares".
"Há todo um mundo de oportunidades que a internet proporciona e que pode ser vivido em famílias mesmo que os pais não sejam tão competentes como os filhos a utilizar as teclas".
Quarenta por cento dos pais portugueses inquiridos disseram não utilizar a internet.
O estudo refere ainda que a mediação reduz a probabilidade de exposição aos riscos online em todas as idades (9-16 anos).
O projeto realizou questionários presenciais a 25 mil jovens (entre os 9 e os 16 anos) utilizadores da internet e seus pais em 25 países.