14 em 100 portugueses tomam comprimidos para dormir, poucos fazem sesta
Cerca de 14 em cada cem portugueses tomam sempre ou frequentemente comprimidos para dormir, segundo um estudo do Observatório Nacional de Saúde sobre perturbações do sono, que identificou uma pequena percentagem de adeptos da sesta.
"Uma observação sobre a prevalência de perturbações do sono em Portugal Continental" é uma investigação do Observatório Nacional da Saúde (ONSA) que é divulgado no seu "site".
O trabalho visou "contribuir para o conhecimento da evolução dos hábitos de sono e da prevalência das respectivas perturbações".
Os resultados da investigação indicam que, em 2004, 13,9 por cento dos inquiridos tomava sempre ou frequentemente comprimidos para dormir, mais 3,3 por cento do que em 1999 (10,6 por cento).
Neste período registou-se um aumento "significativo" na percentagem total de indivíduos que referiram tomar medicamentos para dormir, salienta o estudo.
Foi nos grupos de mulheres (13,7 por cento em 1999 e 17,8 por cento em 2004), mais idosos (25,1 por cento e 32,4 por cento) e com menor nível de instrução (17,7 por cento e 25,7 por cento) que se detectou maior percentagem de indivíduos que referiram tomar comprimidos para dormir.
A maioria dos inquiridos nunca toma comprimidos para dormir (78,2 por cento em 1999 e 78,8 por cento em 2004), enquanto que 11,1 por cento (em 1999) e 7,3 por cento (em 2004) declara que só ocasionalmente recorre à medicação.
A investigação apurou também que a maioria dos inquiridos não tinha o hábito da sesta (82 por cento em 1999 e 86 por cento em 2004).
A dificuldade em adormecer (frequentemente ou sempre) foi referida por 19 por cento dos inquiridos em 1999 e em 2004.
Por outro lado, a percentagem de indivíduos que referiu acordar durante a noite mais de uma vez por semana foi de 45 por cento em 1999 e 71 por cento em 2004.
A investigação concluiu que "a maioria dos respondentes, em ambos os inquéritos, referiu dormir, habitualmente, seis ou mais horas de sono nocturno em dias de semana (87 por cento em 1999 e 85 por cento em 2004)".
Os autores do estudo - Eleonora Paixão (estatística), Maria João Branco e Teresa Contreiras (médicas de saúde pública) - frisam que "as perturbações do sono constituem um problema de saúde pública que requer uma intervenção quer a nível individual, quer num âmbito mais vasto, envolvendo a adopção de medidas educativas e de promoção da saúde".
"O sono preenche aproximadamente um terço das nossas vidas e é fundamental para a recuperação física e psíquica do indivíduo", salientam os autores da investigação.
O estudo resultou de dois inquéritos realizados por entrevista telefónica, em 1999 e 2004, a maiores de idade, num total de 1.836 inquéritos válidos (861 em 1999 e 975 em 2004).