141 militares partem em finais de Maio para o Libano

Vila Real, 30 Abr (Lusa) - Cento e quarenta e um militares da Unidade de Engenharia 4, dez por cento mulheres, partem em final de Maio para uma missão no Líbano, com a principal tarefa de construir casas e estradas naquela zona onde a tensão é permanente.

© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A. /

Os militares da Unidade de Engenharia 4, da Brigada de Intervenção, terminaram hoje, em Vila Real, o exercício militar "Shama 081", correspondente ao final do seu aprontamento, antes de partir para o Líbano onde cumprirão missão sob responsabilidade da UNIFIL.

"O Líbano é um local em que a tensão é permanente. Não há missões de apoio à paz sem riscos. Durante esta fase de aprontamento, procuramos treinar as capacidades básicas para sobreviver num campo de batalha", afirmou o major-general Martins Ferreira, comandante da Brigada de Intervenção.

Portugal mantém no Líbano uma presença de 141 militares pertencentes à UnEng3 e conta com mais cinco oficiais integrados no Estado-Maior da UNIFIL.

Este contingente militar vai permanecer, até ao final de Maio, neste teatro de operações, antes de ser rendido pela UnEng4, que continuará a assegurar a presença portuguesa no Sul do Líbano.

"Estamos conscientes do risco. Mas o risco faz parte da nossa profissão e o aprontamento foi o momento ideal para treinar os aspectos relacionados com a protecção de força", salientou o tenente-coronel Alves Caetano.

A UNIFIL está autorizada a "tomar todas as medidas necessárias", podendo recorrer ao uso da força para respeitar o mandato, ou seja, o restabelecimento no Sul do Líbano de uma zona tampão, onde o Hezbollah e o exército israelita serão excluídos.

As forças das Nações Unidas têm ainda como missão apoiar o exército libanês na resolução da crise e no seu deslocamento para o Sul.

Trata-se de uma zona onde, segundo Martins Ferreira, o conflito se "arrasta há muito tempo".

A missão dos militares portugueses passa pelas "construções horizontais (estradas), verticais (casas) e a inactivação de engenhos explosivos improvisados", uma acção que está limitada à protecção da força.

Os militares portugueses poderão ter que remover obstáculos, construir abrigos colectivos para protecção de pessoal, reparar e manter itinerários, construir e manter aeródromos e heliportos, executar trabalhos de desmatação, escavação, aterro, nivelamento e compactação de terrenos. Durante os últimos seis meses foram feitos cerca de 90 cursos para capacitar todas os militares com as necessidades que a força vai ter no teatro de operações.

Neste momento os militares portugueses no Líbano estão ocupados a construir os gabinetes e a aumentar a extensão do quartel-general.

O major-general salientou ainda a realização de acções de cooperação civil/militar, nomeadamente a construção de escolas e campos de jogos.

"Todas as acções são importantes para a segurança da própria força. Quanto mais bem vindos e bem acolhidos forem nessas áreas, muito mais segura estará a força", salientou.

De acordo com este responsável, a pior situação que pode acontecer a esta brigada "é estar a trabalhar, por exemplo construir uma estrada, e ser atacada".

A Fraga da Almotolia, em Vila Real, foi o local escolhido para o treino de tarefas semelhantes às que a força vai desempenhar no teatro de operações.

Mesmo às portas da cidade de Vila Real os militares construíram um pequeno "aldeamento", correspondente à situação real vivida no Sul do Líbano, onde os soldados depararam com um embrulho suspeito no meio da via, que teve quer ser destruído, através da intervenção de um robot.

Logo depois, uma troca de tiros feriu um militar numa perna, tendo que ser assistido, enquanto os restantes elementos dominavam os suspeitos escondidos no interior dos edifícios.

Ao longo de 2,5 quilómetros foi também construída uma pista que vai servir para treinar a condução das novas viaturas blindadas que a brigada irá receber em breve.

A partida dos 141 militares desta brigada, 10 por cento dos quais são mulheres, está marcada para o final de Maio, devendo permanecer no Líbano até Outubro.

A cerimónia de entrega do estandarte nacional decorre a 08 de Maio no Regimento de Engenharia Nº3 de Espinho.

Na sua recente visita ao destacamento nacional no Sul do Líbano, em Fevereiro, o Presidente da República, Cavaco Silva, recordou que Portugal contribui desde de Novembro de 2006 com uma unidade de engenharia militar, procurando assim ajudar o futuro do Líbano.

Cavaco Silva disse aos militares portugueses que estão a "prestar um grande serviço" à causa da paz, prestigiando o nome de Portugal.

PLI.

Lusa/Fim


PUB